A BOLA falou com os treinadores Manuel Machado e Álvaro Magalhães, que analisaram algumas das diferenças entre o Benfica de Schmidt e o de Lage
Com quatro vitórias em outros tantos jogos, o trabalho de Bruno Lage não tem passado despercebido ao universo encarnado. Mas quais são, afinal, as principais diferenças entre a forma como o Benfica jogava com Roger Schmidt e como joga com Lage?
Benfica chegou aos oito jogos esta época, quatro sob o comando de Schmidt e outros quatro de Lage. Equipa produz agora melhor futebol como provam os números: ganha mais, marca mais, não espera tanto para marcar e usa mais recursos como as bolas paradas
«Principalmente o facto de colocar os jogadores na posição certa, sem fazer remendos», diz Manuel Machado ao nosso jornal. O treinador de 68 anos frisa que Lage «criou fluidez na equipa, que dá ao Benfica um novo rendimento» e que, embora «ainda não haja um futebol muito diferente, ao nível do que é importante, as vitórias, o Benfica está diferente e para melhor».
Opinião que é partilhada por Álvaro Magalhães. O treinador de 63 anos, antigo defesa-lateral das águias, considera que «não há grandes diferenças em termos de jogo» e concorda com Manuel Machado sobre a questão das posições: «Benfica precisava de colocar os jogadores nas devidas posições. Melhorou o rendimento da equipa e a parte anímica. Estão mais felizes, muitos andavam insatisfeitos por jogar noutras posições, jogadores com qualidade como Kokçu, Aursnes… e, agora, o rendimento é diferente.»
Gostava de ver Rollheiser, Kokçu e Aursnes ao mesmo tempo, são três jogadores tecnicamente mais evoluídos, mais rápidos e também defendem bem.
Manuel Machado acredita que a formação encarnada ainda «vai melhorar, com o criar de novas rotinas», uma vez que «nada nasce grande, tudo nasce pequeno e vai crescendo se o trabalho for bem feito». E explica: «O treinador tem poucas semanas de trabalho e já há resultados devido às alterações feitas. Há um ciclo positivo de vitórias que pode moralizar para o jogo contra o Atlético de Madrid e adivinha-se um Benfica em crescimento, com mecanismos mais bem trabalhados e mais capacidade de chegar à zona de finalização, fazer golos e alcançar vitórias.»
Pavlidis com Arthur em simultâneo seria um verdadeiro 4x4x2. Fora isso, será sempre alguém a complementar o ponta de lança, mais em paralelo ou nas costas, não haverá grandes alterações.
Já Álvaro Magalhães é da opinião de que os encarnados «têm de ter mais intensidade e conseguir mais tempo de qualidade de jogo», pois «fisicamente, a equipa ainda não está bem». «Quando chega à segunda parte vive da capacidade individual dos jogadores. Em termos exibicionais, ainda está longe do que o Benfica pode fazer», reiterou.
Bruno Lage tem optado por jogar em 4x3x3 neste regresso à Luz. Questionado sobre o esquema tático ideal para o plantel encarnado, Manuel Machado vê mérito no escolhido pelo treinador das águias. «Com alguma flexibilidade ao nível do posicionamento do meio-campo, às vezes com Florentino com alguém mais ao lado e outras vezes mais isolado a 6, tem dado bons resultados», assinalou, comparando com o sistema que Lage usou na primeira vez que comandou o Benfica: «Pavlidis com Arthur em simultâneo seria um verdadeiro 4x4x2. Fora isso, será sempre alguém a complementar o ponta de lança, mais em paralelo ou nas costas, não haverá grandes alterações.»
«Este plantel do Benfica pode jogar de várias formas, depende das características de quem estiver em campo», apontou Álvaro Magalhães, que conclui o raciocínio com uma confissão: «Gostava de ver Rollheiser, Kokçu e Aursnes ao mesmo tempo, são três jogadores tecnicamente mais evoluídos, mais rápidos e também defendem bem. Agora é o treino e o saber colocar as peças no seu lugar, mas estou convencido de que o Benfica poderia ter um rendimento diferente com outros jogadores no meio-campo.»