Artur Jorge: «É um processo que temos de lidar sem fazer dramas»
Artur Jorge Foto: IMAGO

Artur Jorge: «É um processo que temos de lidar sem fazer dramas»

NACIONAL08.03.202418:22

Treinador do SC Braga encara com naturalidade a venda de Álvaro Djaló; técnico quer equipa em alerta máximo para os perigos do Rio Ave; jogo da 1.ª volta serve de referência para que os bracarenses sejam mais eficazes.

- O treinador do Rio Ave falou que a equipa tinha de se superar frente ao SC Braga, como analisa essas palavras? E que tipo de jogo espera, também tendo em conta as condições climatéricas adversas?

- Espero um jogo muito difícil, face ao contexto, ou seja, a qualidade da equipa do Rio Ave que se reforçou muito e bem neste mercado de inverno que tem objetivos maiores do que o que transmite a classificação, neste momento. Percebo o discurso, mas é mais no plano interno, pois está a apenas um ponto do playoff de descida. Também nós estamos alerta, porque é uma equipa que precisa de pontos e com bons jogadores. Perceber que condições vão haver para se jogar, seja vento ou chuva. Temos de perceber depois, mas estamos identificados com aquilo que temos de fazer para ganhar o jogo, pois pretendemos continuar a ganhar, só com um espírito de conquista vamos conseguir trazer de lá os três pontos.

- O Rio Ave reforçou-se bastante e apresenta melhorias, tendo saído da zona perigosa da tabela. Também deu boa resposta frente aos grandes. Esses jogos servem de referência?

- Não podemos aferir apenas aquilo que foram os jogos frente aos primeiros classificados, também vi com o Famalicão e Casa Pia, para retirar aquilo que é importante no seu jogo. Tem soluções interessantes para o seu onze, mas na forma de jogar não alterou muito, continuando com a linha de cinco atrás e jogadores fortes e rápidos na frente. No meio-campo tem muitas e boas soluções. Olhar para o Rio Ave no seu todo, não só no desempenho em determinados jogos. Em 50 ou 30 minutos é sempre redutor. Esperamos dificuldades, pois preparamo-nos para elas. Não deixar grandes momentos para que eles possam pensar o seu jogo e sermos nós a sermos superiores para ganhar que é o objetivo.

- A partida da 1.ª volta, apesar das mudanças no Rio Ave, em que chegou à vitória nos minutos finais também olhou para esse jogo?

- Serve sempre de referência aquilo que fizemos no passado. Recordo que estivemos sempre por cima, com muitos remates à baliza para fazermos aquilo que só fizemos no final. Esperamos as mesmas dificuldades, um jogo dividido e de máxima exigência para nós. Nós mudamos um pouco a forma de jogar e o adversário não. Para mim serve de referência para sermos mais eficazes, manter o resultado, ou seja, a vitória, mas chegar aos golos mais cedo.

- Como lida, também no seu crescimento como treinador, com um jogador que já está vendido, como Álvaro Djaló?

- De forma perfeitamente natural. É um processo que temos de lidar sem fazer dramas. Falo de treinadores e de jogadores. Vê-se em grandes clube europeus com treinadores a anunciarem a saída a quatro ou cinco meses de acabar a temporada. Já falei com ele sobre isso e se for inteligente sabe que tem de estar ainda melhor do que o que tem estado, pois é diferente chegar como suplente ou como titular do SC Braga ao novo clube. Também faz parte do projeto que temos aqui que passa pela venda de jogadores, da sua valorização. A aposta que foi feita nele traduziu-se em retorno financeiro. No balanço geral, as coisas têm corrido bem. O projeto do SC Braga é este, com resultados desportivos como a entrada na Champions e a venda de ativos que saem da formação.

- A venda do Djaló estando já consumada pode ajudar a desbloquear a ansiedade? E pegando novamente no jogo do Rio Ave recente com o Sporting (3-3) que alerta este novo potencial dos vilacondenses lhe desperta?

- É sempre importante estarmos definidos. Se estamos no meio termo é sempre muito mais difícil. Conheço o Álvaro [Djaló] muito bem e nesta altura ter a sua situação resolvida é bom para ele. Pois, tal como comentei quando ele não tinha a situação resolvida, agora sabe para onde vai e tem dez jogos pela frente. Tendo consciência de nunca falhar no compromisso que tem connosco, até pela gratidão que deve ter com o clube, é o melhor para ele, para que nos jogos que faltam volte a ser a melhor versão do Álvaro. Um resultado bom, no qual vimos tudo o que referi há pouco. Um Rio Ave em bom momento, também nas condições de tempo que talvez tenhamos amanhã, uma equipa que impôs a sua forma de jogar. Preparados não só pelo que fez e pelo que pode fazer ou aquilo que vai querer fazer e como nós temos de o impedir.

- É o treinador com maior índice de vitórias, com mais de 50 jogos pelo SC Braga, como se sente?

- A minha comunicação acha que não tem importância. O meu trabalho é feito de forma comprometida e quero ganhar com o SC Braga obviamente, sou uma das peças que trabalha nesse sentido. Estamos a falar de uma história e olhando também para o histórico de treinadores que por aqui passaram, vemos que estão bem posicionados nas suas carreiras e que têm muitos títulos. Deixa-me satisfeito estar no mesmo caminho. Ganhar aqui e poder ganhar noutro lado qualquer.