Acerbi: «Racismo? Se o árbitro tivesse de escrever tudo o que ouve em campo...»
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Acerbi: «Racismo? Se o árbitro tivesse de escrever tudo o que ouve em campo...»

INTERNACIONAL29.03.202420:13

Central italiano abriu o jogo depois de ter sido absolvido da acusação de insultos racistas a Juan Jesus

O caso do alegado insulto racista proferido por Acerbi a Juan Jesus, na partida entre Inter e Nápoles, ainda dá que falar em Itália. Esta sexta-feira, o defesa dos nerazzurri concedeu uma entrevista ao Corriere della Sera, na qual falou sobre o ocorrido.

«Estou triste e arrependido: é um caso em que todos perdemos. Quando fui absolvido, vi as pessoas à minha volta reagirem como se eu tivesse sido libertado após dez anos de prisão, muito felizes por terem saído de uma situação destas: foram dias muito pesados», afirmou o defesa italiano.

Quando questionado do porquê de só estar a explicar o ocorrido depois de ser absolvido, Acerbi respondeu: «Porque tinha fé na justiça e não queria correr o risco de alimentar uma confusão que já era enorme. Agora que há uma sentença, gostaria dar a minha opinião, sem ter absolutamente nada contra Juan Jesús, pelo contrário, porque também tenho muita pena dele. Mas não se pode chamar racista a uma pessoa por causa de uma palavra mal entendida na emoção do jogo. E não podem continuar a fazê-lo mesmo depois de eu ter sido absolvido».

Antes da decisão final do caso, Acerbi sempre se defendeu dizendo que, independentemente do que tenha dito, os insultos ficam no campo. Quando confrontado de que o relvado não é uma zona livre para dizer de tudo, o italiano rebateu: «Não devia ser, mas ouve-se um pouco de tudo. Se o árbitro tivesse de escrever com papel e caneta tudo o que ouve, teria de correr com uma mochila. Mas acaba sempre por aí, senão tudo se torna condenável, até os insultos aos sérvios, aos italianos, às mães».

«Se tivermos dez dias a passar por racistas, o que é que fazemos? Podia ter acontecido qualquer coisa: eu estaria acabado, não como futebolista, que me interessa até certo ponto, mas como homem. Toda a gente já tinha dado a sentença antes mesmo de ela sair. E para muitos, ainda hoje sou racista: sinceramente, não estou para aí virado, isso não ajuda a resolver um problema como o racismo, que certamente existe», concluiu Acerbi.

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