A certeza que vai «ser campeão», o «grande médio Debast» e Gyokeres: tudo o que disse Rui Borges
O Casa Pia não perde em casa para o campeonato desde agosto. Já jogou com o Benfica, e todos vimos a exibição que fez. São sinais de alerta para a equipa do Sporting?
Sim, a equipa está bem e tem demonstrado que tem vindo a crescer. Em termos físicos e em termos de confiança também. É muito óbvio que estamos a ficar melhores, que a equipa se sente melhor e vai ser cada vez melhor. Acredito mesmo nisso. Em relação ao Casa Pia, é uma equipa que realmente tem feito um grande campeonato. É uma equipa muito comprometida, muito coesa e defensivamente muito compacta. É uma equipa que em contra-ataque e ataque rápido, apesar de ter perdido alguns jogadores agora no mercado de janeiro. Mantém uma equipa veloz, muito forte e muito intensa nesse ataque rápido às balizas adversárias, principalmente no ganho da bola, com um bloco por vezes médio-baixo. A equipa que aqui em nossa casa, não éramos nós, é certo, mas veio com uma linha de seis. Com algo diferente. Acredito que agora não se aproveite dessa forma, até porque está numa fase de campeonato com muita confiança. Acredito que vai manter aquilo que são as suas dinâmicas habituais, os seus hábitos. Por isso, é uma equipa que está muito confiante acima de tudo e que nos vai causar problemas. É uma equipa que não perde desde agosto em sua casa, logo por aí demonstra bem aquilo que serão as dificuldades, juntando a isto o estado do tempo, que veremos como estará. Sabemos que vamos ter dificuldades. Mas, dentro dessas dificuldades, temos de ser capazes de ser melhores e de vencer, que é esse o objetivo.
O Sporting em jogos do campeonato com o Casa Pia, o único resultado que teve foi uma vitória. Disse que a equipa estava bem, mas podia esclarecer, especificamente, se Morten Hjulmand e Morita já são opção para este jogo?
São dois jogadores que poderão estar disponíveis para o jogo. Ele os dois são um bocado dia-a-dia e eles têm vindo a melhorar. Acredito que possam ser, apesar de tudo, ainda solução, mesmo que seja por algum tempo, no jogo. Em relação à outra pergunta, não olho muito para isso. Nem pela negativa, nem pela positiva. Olho para o momento em si. Perceber que a equipa vem de dois jogos com duas vitórias, dá mais confiança também para aquilo que nós temos vindo a ultrapassar, em termos daquilo que são as circunstâncias, lesões, castigos. A equipa ganha essa confiança e até para quem está a recuperar é diferente. Por isso, o ambiente tem sido fantástico, mantém-se e acima de tudo é sentir que a equipa amanhã será capaz de manter a intensidade que tivemos principalmente no jogo do Estoril. A mesma competitividade, a mesma entrega, o mesmo rigor.
Debast neste momento para a si é mais médio do que central? Como será numa fase em que outros jogadores já estejam recuperados? E sobre o Biel, disse que o vê feliz e a adaptar-se. O que é que falta a Biel para entrar nesta equipa do Sporting?
Ao Biel falta-lhe ter oportunidades para jogar. Tão simples quanto isso, e no momento certo vai tê-las. Percebemos aos poucos aquilo que podemos trabalhar melhor em relação àquilo que é a adaptação dele ao coletivo e mesmo ao jogo. E vejo-o supermotivado, se não achasse não o dizia. Olho para ele e está supermotivado, primeiro por estar a representar um grande clube, como o Sporting, e depois motivado naquilo que é a aprendizagem para ir dentro daquilo que são comportamentos individuais e coletivos da equipa, para que ele possa ter mais oportunidades e tempo de jogo. Espera pela oportunidade dele e vai tê-la. Fico feliz de o ver trabalhar todos os dias, na ambição de melhorar e de dar contributo à equipa. Em relação ao Zeno, adaptei-o e no início disseram que esteve bem e depois já diziam que se calhar já não fazia sentido. Agora já volta a fazer sentido. Eu olho para o Zeno e tecnicamente é um jogador muito envolvido. E mesmo para a posição de defesa-central, é um jogador que está numa adaptação e num crescimento. Ele para a central não é um central muito agressivo, é rápido, tem qualidade técnica, tem velocidade, mas naquilo que são os duelos tem de crescer. Naquilo que é o uso do corpo, tem que crescer. Por isso, tanto numa posição como na outra, acho que ele tem um potencial enorme e como médio igual. Acho que como médio tem conseguido ser mais agressivo, um bocadinho, do que aquilo que é a central. Por isso, se calhar chamem-me maluco, mas, continuo a dizer que ele, no futuro, pode ser um grande médio pelas qualidades individuais. Agora, não vou, em momento algum, sentir que estou a castrar o crescimento dele, enquanto jogador, como médio. E isso é algo que eu tenho que perceber. Gosto muito de falar com o jogador e perceber o sentimento dele, porque só assim a equipa melhora e só assim é que eu consigo ter rendimento de todos. Se ele se sentir mais confortável a defesa-central, é lá que vai jogar mais vezes. Neste momento, pela adaptação e pela indisponibilidade também de vários jogadores da nossa equipa, ele tem conseguido dar resposta. É um jogador que tem crescido nesse sentido. Mas, pessoalmente, a mim, acho que ele pode ser um grande médio.
Olhando para as últimas semanas do campeonato, houve uma reaproximação do Benfica. No mercado de transferências de janeiro, o Benfica reforçou-se com três jogadores. O Sporting também contratou o Rui Silva e o Biel. O facto do Benfica se ter reforçado um pouco melhor, aparentemente, pode tirar alguma vantagem ao Sporting na corrida ao título nesta reta final do campeonato?
Só posso falar da minha casa, não falo da casa dos outros. Por isso, em relação àquilo que é Sporting, já disse várias vezes, o presidente também já teve a oportunidade, e muito bem, de clarificar, tudo que era possível nesses assuntos. Por isso, eu estou super tranquilo naquilo que é o Sporting, naquilo que é o plantel. Vamos chegar ao fim, vamos ser campeões e vou ficar feliz. Na nossa cabeça, só está sermos capazes de sermos bicampeões. É esse o nosso objetivo, o nosso pensamento, e nada mais, independentemente do que foi o mercado. Com o plantel que temos, temos de ser capazes de ser campeões. É esse o nosso foco, é esse o nosso pensamento.
Surgem notícias que Gyokeres quer sair em grande do Sporting, no final da época, e quer ser o bicampeão. Como é que vê essa situação, e como é que é feita a gestão diária do Gyokeres?
Na gestão física é um mouro de trabalho, nem nós conseguimos às vezes meter um travão. É focadíssimo e muito comprometido naquilo que é o trabalho, naquilo que é pedido. Muito sinceramente, acho que tem demonstrado um compromisso fora do normal. Para mim, que não o conhecia como ser humano, pois só conhecia o que via na televisão e só olhava para as características dele, tem um compromisso e uma ambição enorme. A nossa equipa é jovem e é importante ter jogadores assim a demonstrar diariamente esse compromisso e essa ambição de querer ser melhor, de querer ganhar sempre, de querer ser campeão, independentemente depois se no fim sairá ou não. Isso já não posso falar muito. O futebol é mesmo isso. É claro que haverá grandes equipas mundiais que querer o Viktor, isso já me ultrapassa. Acima de tudo vejo-o comprometido e ambicioso naquilo que é esta temporada. Este final de época, e é muito importante para o resto do grupo sentir da parte dele essa ambição e esse compromisso.
Nos últimos jogos, voltou ao 3x4x3, e parece que a equipa se sente mais confortável nesse sistema, no entanto, na linha defensiva, tem usado mais defesas do que alas. Quando tiver mais opções, com mais jogadores recuperados, vai manter o esquema tático?
O sistema tático é muito subjetivo. Já joguei com a mesma equipa em 4x4x3 a em 5x2x3... A estrutura inicial depende das características dos jogadores disponíveis, não fugindo daquilo que é a nossa ideia de jogo. Nas equipas por onde passei construímos muitas vezes a três. Em relação aos alas, o Ruben [Amorim] jogava com dois extremos, mas tem a ver com a disponibilidade. É tudo muito subjetivo e cada um à sua maneira dá coisas à equipa. A equipa não deixa de querer ganhar, de criar oportunidades de golo. Estou é feliz que comecem a aparecer os jogadores que estão fora para termos mais disponibilidade em termos daquilo que é opções para jogo e para sermos cada vez mais fortes.
Neste Dia da Mulher, quero saber qual foi a mulher que o inspirou ao longo desta sua caminhada, e qual é a mulher que tem sofrido mais, com toda esta pressão que é treinar o Sporting?
Não me ponha emotivo [Sorriso]... Eu sou muito grato à minha família. Um grande beijinho a todas as mulheres da minha vida, porque são muitas. Tenho irmãs, tenho mulher, a minha mãe... todas elas. Não posso fugir, porque a grande mulher da nossa vida será sempre a nossa mãe, por isso a minha mãe será sempre a minha maior inspiração. A minha mãe é sempre a mulher mais especial do mundo. Será sempre, foi ela que me tornou também a pessoa que sou, juntamente com o meu pai. E são os dois, não só nas mulheres, mas o homem também, o meu pai, são os dois que sofrem muito. Sofrem mesmo muito. Claro que a minha família, a minha mulher e o meu filho também sofrem imenso, mas os meus pais sofrem mais. Mas sim, tenho muitas mulheres na minha vida, as minhas duas irmãs, são muito chegadas, e nesse aspecto sou um chorão. Estou muito ligado à minha família, muito mesmo. Por isso um beijinho a todas elas pois todas elas fizeram-me crescer. Todas elas estiveram do meu lado até hoje. E vão estar sempre. Uma palavra de apoio, de amor e carinho, seja para as minhas irmãs, a minha mãe, a minha mulher. Um beijinho para todas elas neste dia tão especial, porque são as da minha vida, e para todas as mulheres em geral. Obrigado pela pergunta.