4 dezembro 2024, 22:33
Ruben Amorim chutado para dois cantos: Arsenal derrota Manchester United
Golos de Timber e Saliba em jogo dominado pelos 'gunners'
Amorim podia ter sido goleado com o Arsenal em bolas paradas. É este desconforto que o ex-leão estava à espera. Daqui só pode crescer. Mas será duro...
Uma das características que mais gosto de ver em Ruben Amorim é a forma despudorada com que assume a não paternidade de uma ideia, sem que com isso perca qualquer pinga de respeito dos seus jogadores ou entre os seus pares. A isso se chama autoconfiança.
Todos nos recordamos, por exemplo, da sinceridade do novo treinador do Manchester United quando admitiu ter copiado, no Sporting, os treinos de bola parada no aquecimento dos jogos depois de assistir ao trabalho desenvolvido pela equipa técnica do FC Porto num clássico disputado entre as duas equipas.
Apesar de o sucesso de cantos e livres não ter sido uma das imagens de marca mais evidentes no seu reinado, o Sporting de Amorim sempre mostrou segurança nas bolas defensivas e acutilância na área adversária, sem que com isso o adepto vislumbrasse ali o reflexo de algo já visto noutro lado. O que interessa é se a bola entra ou não.
4 dezembro 2024, 22:33
Golos de Timber e Saliba em jogo dominado pelos 'gunners'
Conhecendo um pouco a sua maneira de pensar, imagino como terão sido os dias a seguir ao jogo com o Arsenal e as longas conversas com Adélio Cândido, Emanuel Ferro e Carlos Fernandes depois de terem sido espectadores privilegiados do masterclass promovido por Nicolas Jover, o especialista em bolas paradas que Mikel Arteta chamou para perto de si e se transformou num Midas da bola contemporânea, contrariando a máxima de que no futebol já está tudo inventado – não está, como se comprova pela forma inovadora e imprevisível dos jogadores do Arsenal se movimentarem e atacarem a bola.
Há ali muito trabalho para ser analisado e copiado. Sim, copiado, porque razão tinha Fábio Capello quando afirmou serem os treinadores ladrões de ideias. Tonto será aquele que ao ver algo que resulta não o experimenta. O problema é serem poucos os que conseguem sistematizar e comunicar. Mas essa é uma das suas vantagens, pouco importando para os jogadores se viram aquilo em Klopp, Conceição, Guardiola ou do futebol americano, onde Amorim já foi buscar muitos conceitos.
O que ressalta neste momento é o novo patamar de ensino em que o português se encontra. Tal como o próprio afirmou na hora do adeus, a razão de querer sair de Alvalade foi a de querer estar em permanente desconforto, porque é dessa incerteza que se cria mais conhecimento. E conforto é palavra que Amorim provavelmente não vai conhecer até ao fim da época porque os problemas estruturais do Manchester United parecem ser bem maiores do que aqueles que encontrou nos primeiros tempos de Sporting – em Alvalade não viu o diretor desportivo sair nem um mês depois da sua chegada.
6 dezembro 2024, 06:55
Quando um canto é meio golo… Nicolas Jover trabalha com minúcia livres e cantos e foi isso que desequilibrou o jogo com o Machester United, que terminou com a primeira derrota de Ruben Amorim
Acreditando de que vai ter sucesso nesta enorme demanda, suspeito que daqui a uns anos Ruben Amorim recordará estas semanas e os próximos meses como o período mais importante da sua estadia em Inglaterra. Porque provavelmente dirá que foi obrigado a tirar uma pós-graduação em tempo recorde, embora com a vantagem de aprender e chocar de frente com os melhores. Porque aposto que na próxima época (e não no próximo jogo da Taça, que está muito próximo) será mais difícil vermos os red devils correrem o risco de sofrerem uma goleada em lances de bola parada (foram dois, podiam ter sido muitos mais). Prepara-te, Arteta, porque vais ser copiado. Até porque Amorim faz parte da mesma casta: tal como o espanhol, prefere rodear-se de alguém que saiba tanto ou mais que ele. A isso se chama liderar sem complexos.