A impaciência de Kokçu
A impaciência de Kokçu

Os Anjos em julgamento

OPINIÃO23.06.202507:30

'Para lá da linha' é uma opinião semanal

Mais perto dos 50 anos do que gostaria de admitir, ainda tenho borbulhas ocasionalmente. E por isso estou a pensar processar a minha mãe, por dela ter herdado a pele mista com tendência a oleosa, sobretudo na zona T. 

O caso dos Anjos, a processar em tribunal a humorista Joana Marques, já muita gente o disse, é um caso contra eles próprios. Seguramente, até ao vídeo da discórdia que passou no programa dela, o Extremamente Desagradável, nunca ninguém tinha pensado que os irmãos Sérgio e Nélson Rosado eram maus cantores. Nem depois, acredito. Toda a gente tem um dia menos bom. Já agora, as marcas, parcerias, patrocínios que com eles cancelaram é que tiveram falta de visão. Bastava terem-se rido.  

Desde que começou o julgamento não voltei ao vídeo, que vi apenas uma vez. Não preciso para saber que a descontração com que a Joana se apresentou em tribunal é de alguém que sabe como é absurdo o que se está a passar. E, como disse, o processo vira-se contra eles: em agosto, quando atuarem ao pé de onde moro, num concerto com entrada livre, quererei mesmo ir vê-los? Gostava de ir ouvir a música «Tempo», por eles tão bem cantada, como outras, mas como deixar de lado o que alegaram em tribunal? Borbulhas, bullying, insónias.

Oiço regularmente o programa da Joana Marques na Rádio Renascença, onde desconstrói sobretudo pessoas que, só ter terem dinheiro para comprar uma câmara e microfones, lançam para o mundo conversas que poderiam, e deveriam, ter no café com os amigos. Exemplares muito bem caricaturados num dos episódios da série Ruído, de Bruno Nogueira, com o ‘streamer’ ‘Lipe’ a prometer um desafio se chegasse aos 20 seguidores numa live.

Mal posso esperar pela sessão de 30, em que ela fará a sua defesa. E aí sim decido se processo a minha mãe.

Também em julgamento está Kokçu, depois da explosão contra Bruno Lage ao ser substituído frente aos estudantes e tratadores de piscinas que jogam no Auckland. Ele pode dar as explicações que quiser - não é a primeira vez que se revolta contra um treinador, basta lembrar uma entrevista em que se queixava de Roger Schmidt -, mas acho que nem a advogada dos Anjos o conseguiria defender. Nem a Bruno Lage, que também pode rever a reação após o golo de Renato Sanches, que levou o turco a saltar da cadeira.