William Gomes: a arte de farejar o erro e os 20% que não preocupam o FC Porto
William Gomes é uma arma cada vez menos secreta no FC Porto. Titular na deslocação a Tondela, anteontem, o extremo brasileiro assinou o segundo golo dos dragões frente à equipa de Cristiano Bacci, carimbando em definitivo o triunfo azul e branco em terras beirãs. E fê-lo com base numa fórmula muito similar àquela que aplicou diante do Estoril, na jornada anterior do campeonato, para assinar o 1-0: aproveitou o erro de um adversário para recuperar a bola e atirar para as redes adversárias.
Contra os canarinhos, no Dragão, o camisola 7 intercertou um mau passe de Holsgrove; no Estádio João Cardoso, bastou uma hesitação de Bernardo Fontes para o roubo de bola do jovem canarinho e consequente remate (ou quase um passe) certeiro para a baliza deserta.
Ora, com os dois tentos que faturou nos últimos dois compromissos dos azuis e brancos na Liga, William chegou aos seis na temporada, isolando-se como segundo melhor marcador da equipa de Francesco Farioli em 2025/26. Ultrapassou os cinco de Borja Sainz, colega de setor, e só é superado por Samu, bem distanciado da concorrência interna, com 11 golos na conta pessoal. Em simultâneo, o extremo que o FC Porto contratou ao São Paulo em janeiro último vai mostrando uma apetência especial para aproveitar os deslizes dos adversários.
A chave, claro está, é o trabalho de pressão levado a cabo pelo ala, um dos aspetos que o treinador dos dragões mais privilegia no seu modelo de jogo. No entanto, e ao contrário do que se poderia pensar, essa capacidade de farejar o erro alheio é, de certa forma, inata a William Gomes.
Antes de rumar ao FC Porto, o extremo marcou três golos ao serviço da equipa principal do São Paulo. O último, anotado no jogo de despedida do emblema tricolor, nasceu precisamente de um lance em tudo semelhante aos que William protagonizou diante de Estoril e Tondela: à entrada da grande área do Botafogo, tirou a bola a Marlon Freitas e, apenas com o guarda-redes John pela frente, disparou a contar.
O natural processo de adaptação ao futebol europeu e, numa fase posterior, a chegada de Farioli ao FC Porto ajudaram o jovem brasileiro a aprimorar este aspeto, que se tem provado fulcral nos recentes triunfos dos azuis e brancos. De resto, a preponderância de William Gomes vai subindo de tom. Na temporada em curso, o extremo marca a cada 133 minutos em campo. Aqui, novamente, só Samu consegue superá-lo.
São Paulo manteve 20% do passe
Os desempenhos do número 7 portista não têm passado despercebidos no país natal do jogador. Agora que vai juntando golos às boas exibições, a Imprensa brasileira tem-se mostrado (ainda mais) atenta ao crescimento de William no Dragão. Entre os adeptos do São Paulo, o sentimento que reina é de que os nove milhões de euros que o FC Porto pagou ao emblema tricolor não refletem o real valor do jogador e, acima de tudo, a sua margem de progressão, ainda mais atendendo à tenra idade de 19 anos.
Certo é que o São Paulo manteve 20 por cento dos direitos económicos do internacional jovem pelo Brasil, estando os restantes 80% na posse da SAD dos dragões. De acordo com informações recolhidas por A BOLA, o FC Porto ainda não manifestou intenção de avançar para a compra da restante percentagem do passe de William Gomes. O contrato do dianteiro é válido até 2029 e inclui uma cláusula de rescisão de 80 milhões de euros. Um valor capaz, nesta fase, de manter eventuais interessados à margem, pelo que a cúpula azul e branca não tem pressa de agir.
Contudo, se, mais à frente, optar por adquirir a totalidade dos direitos do extremo, a SAD terá de abrir uma nova via negocial com o emblema paulista, uma vez que, aquando da transferência, não ficou estabelecida qualquer cláusula futura. As relações entre os dois clubes são boas...
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