Vitinha foi génio (em dose tripla) que o Tottenham não conseguiu compreender
Há jogos que sabemos que ficam eternizados na história, antes de sequer acabarem. PSG e Tottenham protagonizaram um duelo caótico que só podia ter terminado com um marcador bem avolumado (5-3). Vitinha foi rei e João Neves fiel escudeiro numa vitória memorável do dono da coroa do futebol euopeu.
Gonçalo Ramos foi o único jogador português preterido por Luis Enrique, que deu as chaves do ataque ao jovem de 18 anos Ndjantou. A ausência de um avançado mais fixo dificultou a tarefa parisiense de desmontar um bloco baixo coeso e coodenado do Tottenham.
O 5x3x2 de Thomas Frank permitiu condicionar a circulação de bola parisiense no corredor central e diminuir a margem de manobra tanto dos extremos, controlados por Van de Ven e Archie Gray, como os laterais, cuja ação foi neutralizada pelos alas Djed Spence e Pedro Porro.
Face à organização defensiva do adversário, o PSG apostou em remates exteriores, mas, nem Fábian Ruiz (7'), nem Kvaratskhelia (18') conseguiram ser felizes. O Tottenham raramente teve o controlo do esférico durante muito tempo, mas, na primeira jogada rendilhada, inaugurou o marcador.
Kolo Muani, consciente da posição pouco favorável para rematar em que se encontrava, respondeu ao cruzamento de Archie Gray com um amortecimento para o segundo poste onde estava Richarlison, pronto para marcar aos 35'.
O nervosismo do PSG era evidente, mas Vitinha foi comprimido milagroso para o desacerto parisiense. O médio luso começou a escrever uma noite para mais tarde recordar em cima do intervalo, quando Ndjantou, na sequência de um canto, ofereceu-lhe a oportunidade de marcar um golaço.
O pontapé de raiva de Vitinha só adormeceu no fundo das redes do Tottenham, atirando o duelo para o intervalo com 1-1 no marcador. Nuno Mendes foi substituído antes do reatamento e foi do lado de fora das quatro linhas que viu 45 minutos alucinantes.
Kolo Muani capitalizou uma boa entrada do Tottenham com um míssil aos 50', que anulou o corte heróico de Pacho em cima da linha, segundos antes. O avançado emprestado pelo PSG estava a ser uma dor de cabeça para a qual apenas o Doutor Vitinha teve solução.
O médio de 25 anos demonstrou que não faz distinção entre pés quando, aos 53', restabeleceu o empate com um bilhete em arco de pé esquerdo. O segundo golaço de Vitinha embalou o PSG para a reviravolta, antes do relógio marcar 15 minutos na segunda parte.
João Neves pressionou a primeira fase de construção londrina, conseguiu recuperar a bola e serviu Fábian Ruiz numa bandeja de prata aos 59'. O médio espanhol desferiu um remate colocadíssimo que impactou decisivamente a moral do Tottenham para a última meia hora de jogo.
O desnorte dos comandados de Thomas Frank custou caro aos 65', quando Pacho teve todo o tempo do mundo para aparecer na pequena área para alargar a vantagem. O 4-2 podia ter colocado uma pedra sobre o vencedor da partida, mas o lado lunar de Vitinha precipitou o bis de Kolo Muani.
O avançado francês aproveitou a perda de bola do internacional luso para cimentar o estado de figura do Tottenham no regresso ao Parque dos Príncipes. A exibição de Kolo Muani foi de enorme qualidade, mas o papel principal foi mesmo de Vitinha.
O médio formado no FC Porto completou uma noite de sonho aos 76', contando com uma mãozinha de Romero. A irregularidade do central argentino permitiu que Vitinha marcasse o primeiro hat-trick da carreira da marca de penálti e cimentasse a influência lusa na produção ofensiva do PSG esta época: quatro dos cinco melhores marcadores dos parisienses são portugueses.
Lucas Hernandez ainda pintou os minutos finais da partida de vermelho, após uma cotovelada em Xavi Simons, mas esta noite o artista foi Vítor Ferreira. Exibição só ao alcance dos predestinados do médio de 25 anos embalou o PSG até ao segundo lugar da fase de liga da UEFA Champions League