Luís Filipe Vieira - Foto: D.R.
Luís Filipe Vieira - Foto: D.R.

Vieira: «Sem eleições talvez a escolha de Rui Costa não fosse Mourinho»

Antigo presidente do Benfica e candidato à presidência do clube não conta com Mário Branco para diretor-geral

Luís Filipe entende que a contratação de José Mourinho deu estabilidade a Rui Costa, mas não está certo de que a escolha do atual presidente do Benfica fosse a mesma sem o cenário de eleições à vista.

«Vamos entrar num momento importante. Qualquer treinador está sujeito aos resultados. Neste momento não tenho de estar a dizer se o Rui Costa geriu bem ou não. O Mourinho veio dar-lhe estabilidade. Mas se não houvesse eleições, talves a escolha não fosse o Mourinho. Mas se não aparecer resultados, também não vai haver estabilidade. Com o investimento que o Benfica fez e com a falta de resultados é normal o descontentamento», disse, em entrevista à TSF, o antigo presidente do Benfica, candidato a um regresso ao cargo.

Questionado se contará com o treinador, caso seja eleito, Vieira respondeu que «quem ganhar as eleições de certeza que não vai despedir Mourinho». Já relativamente a Mário Branco, Vieira assume que não tem lugar na sua estrutura. Pelo menos com as mesmas funções. «Não. Eu tenho um Diretor-Geral para o Benfica para o futebol. Não vou divulgar porque ele está a trabalhar. Eu conheço o Mário Branco, não vou despedi-lo, mas tem de se enquadrar na nossa ideia para o Benfica, se não conseguir, não pode continuar. Tenho um diretor-geral muito experiente. Internacional? Não vamos falar nisso porque vão adivinhar, mas é alguém que já tentámos no passado», limitou-se a dizer.

Luís Filipe Vieira voltou ainda a referir que, em caso de regresso à liderança do Benfica, pretende contar novamente com a colaboração de Domingos Soares Oliveira, antigo CEO das águias. «Tem todas as condições para voltar ao Benfica, e irei fazê-lo, acho que é possível que ele volte a Portugal. O Miguel Moreira é impossível, nesta altura», acrescentou ainda, referindo-se ao antigo CFO.

Vieira classificou como «muito grave» o incidente na última Assembleia Geral, que teve de ser suspensa devido aos protestos registados no momento em que ia falar, e por isso pretende transmitir as sessões na BTV.

Ainda relativamente à gestão, defendeu que o Benfica «devia ter o modelo do Bayern». «Não podemos estar num projeto que passado 10 anos alguém aparece e pode alterar tudo. No Bayern, como sabem, há quatro acionistas com 10% cada um. O grupo Volkswagen, a Adidas e a seguradora Allianz e, nesta altura, o presidente é sempre o presidente de uma dessas empresas que fica à frente do clube. Os sócios não podem eleger, mas têm interferência. Mas com o peso institucional dos grupos, os sócios querem é ganhar jogos. Se voltarmos sempre à feira das vaidades, como era no passado, não há problema. Acha que hoje não há demasiada facilidade em aparecer oito ou nove candidatos», questionou Vieira, que falou também dos processos judiciais em que está envolvido, e que o levaram a deixar a presidência do Benfica.

«O caso do Lex é um escândalo eu estar envolvido naquilo. Tenho a consciência clara e não tenho nada a ver com o que estou acusado. E eu acredito na justiça. Já há um julgamento do Saco Azul e quando vocês virem o resultado vão perceber. Vamos aguardar a sentença final e até lá não estou preocupado. Se tiver de ir muitas vezes ao Campus da Justiça vou. Hei-de limpar o meu nome, acho que aquilo foi um ataque ao Benfica e eu fui de arrasto», alegou.

Luís Filipe Vieira defendeu ainda que Pedro Proença «não fez nada pelo futebol português», e que Frederico Varandas, presidente do Sporting, «conseguiu por um lençol verde na Federação Portuguesa de Futebol em todos os órgãos e também na Liga».