Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense -  Foto: Hugo Delgado/LUSA
Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense - Foto: Hugo Delgado/LUSA

Vários erros na decisão e uma equipa que devia ter arriscado mais: tudo o que disse Botelho da Costa

Treinador do Moreirense lamentou as 'ofertas' aos avançados do Benfica, num encontro em que considerou que a sua equipa esteve bem nos momentos de organização; técnico mencionou que os jogadores e o próprio têm de crescer com estes jogos, dando continuidade ao processo

Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense, não fugiu ao facto de três golos do Benfica terem surgido de erros individuais na construção ou saída para o ataque, sublinhando que é algo que todos, como equipa, têm de melhorar. O treinador, de 36 anos, referiu que a sua equipa esteve bem durante a primeira parte, com algumas saídas interessantes para zonas ofensivas, mas que faltou ser mais audaz quando já estava perto da área adversária.

Acha que a derrota se explica pelos inúmeros erros da equipa, nomeadamente na segunda parte?

- Sem dúvida, não há como fugir a isso. Não costumámos errar tanto quanto hoje. Temos previstas várias situações, para jogar longo ou curto, mas hoje não estivemos bem. Ironicamente, o resultado explica-se por erros ofensivos e não defensivos, pois foram cometidos na fase de construção. Tivemos a ousadia de pressionar alto, também tendo em conta a forma como o Benfica jogou. Acabámos por sofrer um golo na sequência de uma bola parada na primeira parte, num período em que estávamos a ter alguma saída e a chegar perto da área adversária. Na segunda parte, principalmente, a partir do segundo golo tivemos más decisões, porque penso que foi mais na parte da decisão que na execução. O Benfica aproveitou bem o erro e o resultado ficou marcado por isso.

As mudanças que efetuou no meio-campo na segunda parte podem ter originado alguma falta de rotinas? Acha que tiveram influência?

- Uma alteração foi por lesão e outra por amarelo, pois, conhecendo o Hélder [Carvalho] como conheço, não podia ter um jogador no meio-campo com um cartão. Não acho que tenha sido por aí. Claro que os jogadores têm características diferentes, mas não acredito que tenha acontecido por causa disso.

Considera que os erros foram forçados pelo Benfica ou que houve falta de atenção dos seus jogadores?

- O Benfica sabia muito bem aquilo que queria. Tem um treinador que dispensa apresentações e vemos um Benfica muito forte a nível estratégico, não achei que tivéssemos de mudar. Na primeira parte eles estavam a dar-nos espaços na posição seis e fomos saindo algumas vezes. Na segunda parte, conseguimos mais espaço pelo nove e não percebemos que devíamos ter alterado a nossa saída. O Ríos deu-nos este espaço, mas é um jogador que em dois segundos recupera a posição. Não podemos esquecer que somos uma equipa muito jovem e que temos de aprender com estes erros, tal como eu que vou pensar no que podia ter feito diferente ou melhor. Fomos muito penalizados e temos de trabalhar estas situações e preparar já o Estrela da Amadora.

Acha que a pressão efetuada pelo Benfica à sua ala direita na segunda parte foi um momento marcante?

- O Benfica soube reagir exatamente ao que estava a acontecer e nós estávamos a sair pela linha. Deveríamos ter utilizado mais o passe na profundidade, também para criar dúvida no lateral adversário. Tornamo-nos prevísiveis e continuámos a sair curto, quando os indicadores para essa forma de sair nem estavam lá. Devíamos ter insistido mais na bola no ponta de lança, até porque tivemos dois jogadores que estiveram muito bem a segurar e a receber. Também lidámos com jogadores experientes que entendem e lêm muito bem o jogo.

O que retira de positivo desta partida?

- Ficou provado que podemos pressionar alto e a campo inteiro, porque não foi por aí que o Benfica criou perigo. Tivemos sucesso em não conceder oportunidades na nossa baliza, no momento em que estávamos organizados. Do ponto de vista ofensivo, nem tudo foi mau, pois fomos conseguindo sair. Não conseguimos ser perigosos com as situações que tivemos à entrada da área, devíamos ter cruzado mais cedo em alguns momentos e temos de ser mais ambiciosos, correr mais riscos, porque perto da baliza se não se arrisca, não se cria perigo. Temos de atacar mais a baliza, ser audazes no último passe e penso que  jogámos um pouco pelo seguro.