Gonçalo Moreira foi o herói do jogo ao assinar um póquer - Foto: IMAGO

Quem é o «chato» que marcou um 'poker' pelo Benfica na Youth League?

Gonçalo Moreira remete para uma era onde os números 10 clássicos dominavam o futebol mundial. Criativo de camisola entalada nos calções descoberto na Maia encanta no Seixal sob a batuta de Vítor Vinha e de Nélson Veríssimo

Gonçalo Moreira foi o protagonista da goleada aplicada pelo Benfica ao Qarabag (7-1), na estreia na fase da liga a UEFA Youth League, ao apontar um poker em apenas 23 minutos. Os quatros golos marcados à turma azeri reforçam o início fulgurante do criativo que aos 19 anos já é titular absoluto na equipa B.

Gonçalo Moreira, opção inicial de Nélson Veríssimo nas cinco jornadas já disputadas pelo Benfica B na Liga 2, abrilhantou a estreia no futebol profissional com um golo, da marca dos 11 metros, de onde não costuma falhar. Habituado a envergar a braçadeira de capitão nos escalões de formação encarnados, o médio emana uma maturidade invulgar, cunhada a 363 quilómetros de casa.

Nascido na Maia no terceiro dia de 2006, Gonçalo Moreira deu os primeiros passos no futebol ao serviço do Pedrouços, sete anos depois. Após representar casas do Benfica da Póvoa de Lanhoso e de Fafe, o jovem atleta tomou a difícil decisão de trocar a Maia pelo Seixal. «Deixei os meus pais, passei mal ao inicio, mas teve de ser, se é isto que quero tenho de fazer esforços», explicou o criativo numa entrevista ao canal 11 em de novembro de 2024.

O «chato», como é apelidado pelos amigos adversários, cresceu na Margem Sul do Tejo, saltou etapas e estreou-se pelos sub-23 encarnados com apenas 17 anos. Apesar das circunstâncias de determinados jogos terem precipitado a ocupação das alas de quando em vez, foi no corredor central que Gonçalo Moreira começou a levantar os adeptos dos assentos.

A capacidade de quebrar blocos baixos com passes de rotura e de explorar a profundidade concedida por defesas mais subidas através de abertura à quarterback justificam a colocação de Moreira no meio-campo, como um número 10 dos tempos modernos. O internacional jovem português admite a perdição pela «bola no pé» e por «fazer os colegas jogar».

A atração pelo último terço traduz-se ainda numa relação natural com a baliza. Jogador de remate fácil, Gonçalo Moreira acumulou mais de 15 golos em três das últimas quarto temporadas de águia ao peito. A rapidez de processamento de cada lance e a marcação exímia de penáltis e pontapés livres explicam a aposta crescente nos sub-23 e na UEFA Youth League.

O jovem jogador de camisola sempre entalada nos calções envergou a braçadeira de capitão da turma comandada por Vítor Vinha na época passada, e conduziu-a até à conquista da Taça Revelação, primeiro título da história dos sub-23 encarnados. A caminhada até ao troféu selado diante do Torreense ficou marcada por um hat trick rubricado ao Estrela da Amadora (7-0), nos quartos de final, a 15 de maio.

A exibição rubricada contra os estrelistas, aliada aos quatro golos marcados na última edição da UEFA Youth League entusiasmaram os adeptos encarnados que pediram mesmo a inclusão de Gonçalo Moreira nos trabalhos de pré-época da equipa principal, este verão.

A camisola entalada nos calções, o centro de gravidade baixo (1,71m) e a energia inesgotável podiam precipitar comparações com João Neves, eterna coqueluche nos adeptos encarnados, mas Gonçalo Moreira vive no último terço, ao contrário do médio do PSG.

O poker ao Qarabag alimenta a expetativa encarnada em torno de um criativo que transborda personalidade.