Que máquina de jogar futebol este Gil de César Peixoto (crónica)
Pedimos desculpa pela interrupção, a emissão segue dentro de momentos. Após os problemas técnicos diante do Académico, em Viseu, onde se despediu com carimbo de tomba-gigantes da Taça de Portugal, o Gil Vicente, seis dias depois, abriu a 9.ª jornada do campeonato com manifestação implacável de poderio em Alverca. Com um jogo a mais, é certo, os gilistas passaram a noite no segundo lugar da Liga, total de 19 pontos em 27 possíveis, tantos como o Sporting, que defronta no domingo o Tondela.
Logo aos 40 segundos, decididos a mostrar quem mandava, os gilistas adiantaram-se com um golo de Luís Esteves, médio com talento para outros voos. O ex-Nacional aproveitou um corte de cabeça de Meupiyou para a entrada da área e na meia lua rematou de primeira, de pé direito, para a direita de André Gomes, lance iniciado com um lançamento longo, longo de linha lateral de Santi García.
A digerir igualmente adeus prematuro à Taça de Portugal, aos pés da UD Leiria, o Alverca só num remate de Maresi ao lado, na pequena área, assustou na metade inicial (40'), a anteceder o segundo dos forasteiros. De novo com disparo certeiro na meia lua, de pé esquerdo, agora de Santi García a passe de Pablo (45'), o Gil provava viver noite de lua muito cheia.
Muda aos dois, acaba aos quatro. Na segunda parte, o galo de Barcelos continuou a cantar alto. Quando o Alverca tentava reerguer-se, aos 51' Pablo roubou uma bola à saída do meio-campo, correu como uma pena, tabelou com Murilo e balançou as redes a honrar os dotes de goleador do pai, Pena. Em 2000/01, com 22 golos, sagrou-se Bola de Prata ao serviço do FC Porto — o filho, em 2025/26, ainda com bastante por jogar, é o atual máximo marcador da Liga (sete golos).
O carrossel não parava e o quarto chegou por Martín Fernández, aos 70', pontapé letal na área depois de passe sublime de Luís Esteves. Quatro minutos mais tarde, porém, a provar que no melhor pano cai a nódoa, o criativo centro-campista foi admoestado com cartão vermelho direto, castigo por entrada perigosa de sola — embora sem maldade, notou-se o arrependimento... — na perna direita de Nuozzi.
O encontro caminhava para o fim, sem mais história relevante para contar, exceto o momento de glória de Andrew. Quase sem trabalho, o guarda-redes brasileiro do Gil Vicente assinou a folha de ponto com defesa — atirou-se para a esquerda e desviou com mestria — a impedir que Lincoln faturasse da marca dos 11 metros a punir braço na bola do capitão Zé Carlos.
Que máquina de jogar futebol esta de César Peixoto, que deixou Custódio Castro em maus lençóis...
VEJA AQUI O RESUMO DO JOGO
As notas do Alverca: André Gomes (5); Naves (4), Sergi Goméz (4) e Meupiyou (4); Touaizi (4), Sabit Abdulai (4), Alex Amorim (4) e Chissumba (5); Lincoln (4), Marezi (5) e Figueiredo (-); Nuozzi (4), Davy Gui (4), Cabezas (4), Sandro Lima (4) e Baseya (4)
As notas do Gil Vicente: Andrew (7); Zé Carlos (5), Buatu (4), Elimbi (6) e Konan (6); Santi García (7) e Cáseres (6); Murilo (6), Luís Esteves (7) e Joelson (6); Pablo (8); Espigares (6), Zé Carlos Ferreira (5), Gustavo Varela (5), Martín Fernández (7) e Hevertton (5)
Reações dos treinadores
Custódio Castro
Estivemos irreconhecíveis. Não fomos agressivos, um golo logo no início condiciona, mas não estivemos em campo como deveríamos. Estamos completamente insatisfeitos, jogadores tristes, temos de dar uma resposta.
César Peixoto
Entrámos fortes após o desaire da Taça. Cair qualquer um pode cair, a reação é que mostra as grandes equipas, os grandes homens. Jogo fantástico, sempre nosso, mesmo com um a menos. Fomos uma verdadeira equipa, mérito dos jogadores