Guy Crescent e alguns dos sócios-fundadores do PSG

PSG: o gigante milionário que nasceu da vontade do povo

Foi a ajuda do povo parisiense, determinado em ver a sua cidade representada ao mais alto nível do futebol francês, que deu origem àquele que viria a tornar-se um verdadeiro colosso gaulês

Durante o Mundial de Clubes o jornal A BOLA conta-lhe, diariamente, uma curiosidade relacionada com um dos clubes participantes na primeira edição desta nova versão da prova. 

Atualmente, o Paris Saint-Germain é sinónimo de estrelas, títulos e ambição global. Um dos clubes mais ricos do mundo, que faz furor com contratações milionárias e investimentos impensáveis para a maioria dos clubes europeus. No entanto, esta nem sempre foi a realidade do PSG, que nasceu de uma forma improvável, alicerçado na vontade do povo parisiense, determinado em ver a sua cidade representada ao mais alto nível do futebol francês.
 
Em finais da década de 1960, Paris, a capital francesa, não tinha um clube competitivo na primeira divisão, o que era visto por muitos como uma anomalia para um país que respirava futebol. O Parque dos Príncipes tinha sido reconstruído e a Cidade Luz queria ver um clube que estivesse à altura do estádio e de outras capitais europeias. 

Vista do Parque dos Príncipes, casa do PSG (PSG/X)
Vista do Parque dos Príncipes, casa do PSG

O Paris Football Club, criado em 1969, representava a base do projeto, mas ainda faltava praticamente tudo: não havia jogadores, estádio nem direção definida. Após meses de planeamento e desenvolvimento, Pierre-Étienne Guyot e Guy Crescent, os dois grandes impulsionadores da iniciativa, encontraram no Stade Saint-Germain - um emblema da região de Saint-Germain-en-Laye, fundado em 1904 — o parceiro ideal para uma fusão que permitiria alcançar o tão desejado estatuto profissional.

Mas continuava a faltar financiamento para este novo clube ganhar vida. Foi nesse contexto que um grupo de adeptos e empresários, liderado Crescent e Guyot, lançou uma iniciativa inédita: um apelo público para criar um grande clube em Paris.

Aconselhados por Santiago Bernábeu, histórico presidente do Real Madrid, lançaram uma campanha de subscrição popular, desafiando os parisienses a tornarem-se «sócios fundadores» do futuro clube.

A 1 de fevereiro de 1970, o célebre radialista apelou à população parisiense com uma pergunta simples, mas ambiciosa: «Quer um grande clube de futebol em Paris?». No jornal do dia, os leitores encontravam um formulário de resposta que podiam devolver para manifestar o seu apoio ao projeto.

O resultado foi surpreendente: 17.382 adeptos responderam ao apelo, contribuindo com um total de 842 mil francos (cerca de 128 mil euros). O sucesso foi tal que o projeto ganhou imediatamente força, com uma base sólida de apoiantes que se envolveu no espírito de pertença, naquele que foi um dos primeiros movimentos de financiamento coletivo associados ao futebol europeu. 

Guy Crescent e alguns dos sócios-fundadores do PSG

A 27 de maio de 1970, foi dado um passo decisivo para o nascimento de um novo gigante do futebol francês: o protocolo de fusão entre o Paris FC e o Stade Saint-Germain foi aprovado por unanimidade. O Paris Saint-Germain estava assim em processo de criação, restando apenas oficializar e validar a união, definir as cores, criar um logótipo e formar a equipa.

Seguiram-se duas datas marcantes neste processo de fundação. A 17 de junho de 1970, a fusão entre os dois clubes foi oficialmente assinada. Nesse mesmo dia, foi criado o primeiro emblema do novo clube e escolhidas as cores vermelha e azul, que simbolizavam a identidade parisiense e a ligação à região de Saint-Germain-en-Laye.

(PSG)

Foi também implementado um sistema de subscrição de sócios, inspirado no modelo dos clubes espanhóis, que permitiu aos adeptos tornarem-se parte ativa da vida do clube desde a sua génese. Finalmente, a 26 de junho, teve lugar a primeira reunião do conselho de administração, na qual foi formalizada a estrutura organizativa do clube. Pierre-Étienne Guyot foi nomeado presidente, enquanto Henri Patrelle, então presidente do Stade Saint-Germain, e Guy Crescent assumiram funções com poder de decisão na gestão do recém-criado Paris Saint-Germain Football Club.

Pierre-Etienne Guyot, primeiro presidente do PSG

55 anos depois, o PSG é um dos grandes do futebol europeu. Impulsionado pelo investimento da Qatar Sports Investments e pela liderança de Nasser Al-Khelaifi, o clube parisiense tornou-se o mais titulado de França, liderando em campeonatos nacionais (13), Taças de França (16), Supertaças (13) e Taças da Liga (9). A consagração máxima chegou a 31 de maio, quando o PSG viveu o dia mais glorioso da sua história ao conquistar, finalmente, a tão ambicionada UEFA Champions League. E tudo nasceu do sonho de um povo...

Nasser Al Khelaifi, presidente do PSG (IMAGO)

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