Portugal arranca a fundo corrida ao Mundial 2027

Portugal entrou na qualificação para o Mundial de 2027 como quem arromba a porta que sempre lhe esteve trancada. Não havia vitória sobre Montenegro. Agora há: por números esclarecedores, 83-62, sem dúvidas, e naquele país dos Balcãs, resistindo à pressão de uma arena cheia, que depressa percebeu que a história ia mudar. 

O jogo até começou ao jeito balcânico, duro, pesado, os montenegrinos a mastigar o interior, a mandar no primeiro período (21-14). Mas depois apareceu Portugal. Não Linces tímidos, mas adultos, agressivos, musculados, a defender como se cada posse valesse a vida. O resultado? Dois parciais gémeos, 25-11 e 25-11, a assinatura de quem impõe respeito. Aos 30 minutos era um escândalo de números: 43-64. Montenegro, atordoado, já só pedia tempo. 

Houve um relaxamento luso no arranque do último quarto - natural em quem está a ganhar por tanto fora de casa. O marcador encolheu para 52-68, Mário Gomes puxou de um desconto de tempo, disse o que tinha a dizer, e pronto: a máquina voltou a carburar. Deu ainda para fechar com 21 pontos de avanço, só para que ninguém confunda acaso com autoridade. 

Foi uma vitória de coletivo, e não é clichê, mas realidade pura. Todos os 12 marcaram. Todos deram. Todos somaram. Mas houve luzes mais brilhantes: Travante Williams, de punho quente, 16 pontos e a agressividade do costume; Ricardo Monteiro, 13 pontos, o triplo que matou o último suspiro da casa e a serenidade de quem está a crescer depressa; Cândido Sá, oito pontos, 10 ressaltos e um afundanço a fechar a primeira parte que valeu por um manifesto. Do lado montenegrino, Marco Simonovic ainda tentou remar - 13 pontos, oito ressaltos - mas era noite para naufragar mesmo. 

Arranque de sonho, vitória histórica, mensagem clara: Portugal quer mesmo entrar na porta do Mundial - e mostrou que sabe como lá chegar.  

A bola volta a subir no domingo, em Matosinhos, frente à Grécia, que bateu a Roménia por 91-64.