Emblema minhoto regressa dos Açores com mais três pontos na bagagem (Foto: Eduardo Costa/LUSA)
Emblema minhoto regressa dos Açores com mais três pontos na bagagem (Foto: Eduardo Costa/LUSA)

Pinto já tem sabor a leitão e Schettine degustou... (crónica)

Lateral assistiu e ponta de lança faturou. Cónegos só sabem ganhar. Açorianos somam novo desaire

Não é uma crónica gastronómica, mas o nome de um dos principais intervenientes leva à analogia. Afinal, foi (Dinis) Pinto já com sabor a leitão que permitiu a Guilherme Schettine degustar uma refeição de excelência nos Açores.

Logo aos 8 minutos, o lateral-direito integrou-se na manobra ofensiva - incorporando uma pressão alta que Vasco Botelho da Costa tanto gosta de implementar nas suas equipas para que a posse seja recuperada o quanto antes - chamou Alanzinho à ação pela direita, o criativo devolveu-lhe a bola com um delicioso toque de calcanhar e Dinis, já na área, serviu o (tal) leitão a Schettine. O ponta de lança brasileiro não enjeitou a oferta e faturou.

O tento deu ainda maior conforto aos cónegos - cuja confiança já era grande depois da vitória (2-1) diante do Alverca, na ronda inaugural - e teve reflexos contrários nos açorianos, que sentiram um pouco o peso do momento, isto depois de terem sido batidos (0-3) pelo Famalicão no arranque da Liga - pelo meio, sublinhe-se, a formação orientada por Vasco Matos teve o mérito de eliminar o Larne (Irlanda do Norte), isto já depois de também ter deixado pelo caminho o Varazdin (Croácia), sucessos que permitem aos encarnados de Ponta Delgada enfrentarem o Shamrock Rovers (República da Irlanda) no play-off de acesso à Liga Conferência.

A reação dos da casa demorou a aparecer e apenas Wendel Silva tentou a sua sorte (36' e 38'). Em ambos os casos, sem sucesso.

O emblema de Moreira de Cónegos soube sofrer nos instantes finais da etapa complementar e até poderia ter dobrado a vantagem em cima do intervalo: Kiko quis ser... Bondoso, mas Guilherme Schettine, desta vez, não tinha o paladar apurado - enorme defesa de Gabriel Batista, sublinhe-se.

Já com o estômago devidamente composto, o conjunto minhoto aproveitou para fazer sala e a etapa complementar foi passada (quase) sempre com a mesa controlada.

O Santa Clara só a espaços conseguiu desbloquear a boa organização dos minhotos e quando o fez deparou-se com um obstáculo... intransponível: Caio Secco. O guarda-redes brasileiro tirou o pão da boca a Wendel Silva (72') e brilhou a remate de João Costa (80').

Os insulares continuam sem pontuar, os cónegos só sabem... ganhar. Está mesmo a estrear-se na Liga, mister Vasco Botelho da Costa? Seis pontos em seis possíveis não é um mau cartão de visita...

O melhor em campo: Guilherme Schettine
Letal e decisivo. Assim foi o ponta de lança brasileiro. Já depois de ter feito o gosto ao pé na primeira jornada, inaugurando o marcador no triunfo (2-1) diante do Alverca, o número 95 dos cónegos não se atemorizou com a aterragem em solo açoriano e, logo aos 8 minutos, estava no sítio certo, à ponta de lança, para voltar a faturar. E Gabriel Batista ainda lhe negou o bis (45+3')...
A figura: Serginho
Seguro nas ações na intermediária, foi sempre um elemento importante para os equilíbrios defensivos e, acima de tudo, imprescindível nos momentos relativos à construção. Bola no pé e cabeça levantada, em busca das melhores soluções para o coletivo. Quis oferecer o golo a Wendel Silva, com um cruzamento venenoso, mas Caio Secco, atento, negou essa intenção.

Vasco Matos (treinador do Santa Clara):

Entrámos a sofrer um golo e isso complicou a nossa estratégia. Depois disso tentámos, fomos modificando, tivemos mais bola, mas não conseguimos criar as situações que pretendíamos. Animicamente a equipa sentiu o golo sofrido, mas temos estado a identificar o que nos está a faltar e vamos continuar a trabalhar em cima disso. Acreditamos muito no nosso processo e vamos em busca das soluções e do melhor caminho para voltarmos às vitórias, que é disso que é feito o nosso grupo. Não tenho dúvidas nenhumas de que vamos melhorar e alcançar os nossos objetivos. Não éramos os melhores e agora não somos os piores. Não nos vamos esconder e seguimos o nosso caminho.

Vasco Botelho da Costa (treinador do Moreirense):

Defrontámos um adversário muito difícil, com qualidade e que apresentou diferentes soluções táticas. Isso obrigou-nos a termos as nossas próprias soluções e isso não é fácil porque temos pouco tempo de trabalho. Isso ainda reforça mais o mérito dos nossos jogadores, porque tiveram uma compreensão fantástica do jogo. O Santa Clara também teve mérito de saber carregar, mas nós soubemos sofrer e também voltámos a criar oportunidades. Mas isto é a Liga e longe de mim pensar que vamos ter o domínio durante os 90 minutos. Dedicamos esta vitória a todo o nosso grupo de trabalho, que tem sido fantástico.

As notas dos jogadores do Santa Clara:

As notas dos jogadores do Moreirense:

Notícia atualizada às 20h41