Francisco 'Kiko' Galván, ciclista espanhol de 28 anos
Francisco 'Kiko' Galván, ciclista espanhol de 28 anos - Foto: IMAGO

Pausa na carreira devido a... manobras perigosas

Francisco Galván foi despedido da Kern Pharma devido a filmagem num treino nas estradas da Catalunha, sessão essa na qual fez algumas... 'avarias'

Um vídeo que se tornou viral no início de outubro acabou por mudar radicalmente o rumo da carreira de Francisco Kiko Galván. O ciclista espanhol, então ao serviço da Kern Pharma, foi filmado numa estrada sinuosa da Catalunha a realizar manobras perigosas durante um treino, colocando em risco a sua segurança e a de outros utilizadores da via.

A reacção não se fez esperar. A equipa espanhola condenou publicamente os comportamentos exibidos nas imagens e decidiu despedir o corredor, sublinhando que os actos eram incompatíveis com os valores de responsabilidade e segurança que defende.

Na véspera de Natal, Galván confirmou o afastamento da equipa através das redes sociais, numa mensagem longa e emotiva, na qual anunciou também uma pausa na carreira. O espanhol assume o erro e diz estar a viver um dos momentos mais difíceis da sua vida.

«Errei. Um erro tem consequências e estou a pagá-las. Peço perdão a quem se sentiu afetado», escreveu o ciclista, admitindo sentir vergonha por ter dececionado a família e as pessoas mais próximas: «Não me despeço. Apenas paro. Respiro. E sigo em frente.»

Natural da Catalunha, Galván, 28 anos, fez praticamente toda a carreira profissional na Kern Pharma, sem grandes resultados de relevo, mas com presença regular no pelotão espanhol. O principal destaque foi a participação na Volta a Espanha de 2022, concluída na 104.ª posição.

Em Portugal, o ciclista deixou boa imagem na Volta ao Alentejo de 2021, onde terminou em 4.º lugar da geral, tendo ainda competido no Troféu Joaquim Agostinho em 2023 e 2024.

Corredor combativo e conhecido pela entrega, Kiko Galván opta agora por parar e refletir, num desfecho duro para uma carreira que, até aqui, se tinha construído longe dos holofotes — e que acabou abruptamente exposta por um momento de imprudência.

A mensagem de Francisco Galván
«Nunca pensei que tanta gente visse ciclismo. Sempre pensei que seríamos apenas uns quatro loucos. Este ano tive de vender o meu carro depois de me despedirem da equipa. Saí do concessionário e fui para casa a caminhar. Aí entendi o quão rápido as coisas podem mudar. Desde então treino de negro. Não por estética, mas porque é como me sinto. E, mesmo assim, as pessoas reconhecem-me, abordam-me e perguntam-me. E eu sorrio, mas por dentro tenho vergonha. Vergonha de ter falhado. De dececionar os meus pais. As minhas pessoas. A minha namorada, que foi a única a amparar-me quando tudo caiu. Não escrevo isto para justificar nada. Errei. Um erro tem consequências e estou a pagá-las. Peço perdão a quem se sentiu afetado. Deixar a bicicleta não me dói. Vivi o ciclismo como quis: ao máximo, com o coração, sem meias medidas. O que dói é sentir que dececionei os meus. Isso é o mais duro. Hoje não me despeço. Mas apenas paro. Respiro. E sigo em frente como conseguir, mas com os pés no chão. Porque nem sempre a vida te deixa escolher o caminho, mas deixa-te, sim, escolher como o percorres»