Owen estará no Legends Charity Game: «A lista de jogadores é incrível»
Em 2001, aos 22 anos, Michael Owen tornou-se no segundo mais novo de sempre a erguer a Bola de Ouro, um registo que se mantém até hoje. Agora, o ex-avançado de clubes como Liverpool, Real Madrid e Manchester United prepara-se para rumar a Portugal para jogar no Legends Charity Game, no Estádio de Alvalade e, em entrevista a A BOLA, recorda os tempos em que jogou com Luís Figo, um dos primeiros grandes amigos que fez em Madrid, e Nani, que, diz, era «ainda melhor do que as pessoas pensavam».
- Está a chegar o Legends Charity Game em Portugal, está entusiasmado?
- Estou sim. Adoro Portugal, tenho bons amigos aí. Tinha uma casa no Algarve, na Quinta do Lago. Vendi-a há cerca de 10 anos e estou arrependido, gostaria de a ter mantido. Mas adoro ir a Portugal. Joguei lá por Inglaterra muitas vezes. Com sentimentos não apenas positivos, caímos nos penáltis contra Portugal [nos quartos de final do Euro 2004]. Mas sim, estou realmente ansioso. Joguei em muitos jogos de lendas nos últimos anos, mas quando olhamos para a lista de jogadores, há verdadeiras lendas.
- Estamos a falar de jogadores como Kaká, Roberto Carlos, Hagi, Terry, Petr Cech, Van der Sar, Cafú, Puyol, Stoichkov e, claro, Michael Owen. Conto quatro Bolas de Ouro, se contarmos com Luís Figo, que estará na equipa de Portugal. Está mais ansioso por encontrar os colegas ou os adversários?
- Provavelmente um pouco de ambos. Joguei em jogos de lendas antes, mas não com todos eles de uma vez. É uma convocatória incrível. Normalmente temos cinco ou seis destes jogadores, mas este jogo tem tantas lendas. Estou ansioso por me encontrar com a minha equipa, e, é claro, estou ansioso para jogar contra o meu velho amigo Luís Figo, que vejo três ou quatro vezes por ano. A equipa das lendas tem grandes nomes, talvez a equipa portuguesa tenha jogadores mais jovens. Vai ser um bom jogo. Já estive a estudar e a pensar em quem vai ganhar.
- Foi colega de equipa de Luís Figo no Real Madrid. Como foi jogar com ele?
- É uma ótima pessoa. Ele fala um inglês perfeito, então foi logo um dos meus amigos mais próximos, com quem eu podia comunicar enquanto estava a tentar aprender espanhol. Tive logo uma ótima relação com ele. Também fiz algumas atividades publicitárias com o Luís. Joguei em alguns destes jogos de lendas em diferentes partes do mundo com ele. Ainda é um ótimo jogador e a pessoa mais segura para quem passar a bola. Guarda-a sempre. É um bom amigo meu. Estou entusiasmado ansioso por vê-lo novamente.
- Também jogou com o Nani, no Manchester United. Como era ele?
- O Nani era um ótimo jogador. Teve uma ótima carreira. Mas quando as pessoas me perguntam sobre o Nani, eu sempre digo que ele era ainda melhor do que as pessoas pensavam. Ele era tão talentoso, tão forte. Tinha tanta habilidade. Era um jogador incrível. Para jogar no nível em que ele jogou, é claro que é preciso ser-se muito bom em tantas coisas diferentes. A confiança dele ia um pouco para cima e para baixo. Quando jogava bem, era literalmente um dos melhores jogadores do mundo. Mas se perdesse a confiança, podia não o mostrar. Penso que se ele acreditasse mais nele próprio poderia ter sido ainda melhor do que as pessoas pensam. E sei que as pessoas sabem que ele era um ótimo jogador, mas deixe-me dizer: ele era mesmo, mesmo bom.
- Quem destaca em cada uma das equipas?
- Luís Figo. Joguei com ele há pouco tempo, ainda é um ótimo jogador. Habilidoso, ainda tem um ótimo toque. Todos nós estamos um pouco mais lentos do que estávamos. Mas acho que o nosso toque ainda é bastante bom. Acho que o Luís é aquele que anseio mais enfrentar. O Nani terminou a carreira há pouco tempo. Tenho a certeza de que será um dos jogadores mais impactantes no campo. Joguei com o Pepe, pelo Real Madrid, no El Clásico [de lendas], há dois, três meses. E ele foi incrível. Ninguém conseguiu passar por ele. Estou um pouco nervoso para jogar contra ele. Ainda é um profissional, eu retirei-me há 13 anos. Acho que o Pepe será um dos melhores. O Quaresma jogou contra nós, ainda é rápido e muito complicado. Será bom também. Nani será um dos melhores jogadores. Os melhores jogadores nestes jogos não são os jogadores que nos lembramos de ser espetaculares, são os jogadores que se retiraram há menos tempo. Normalmente a equipa em melhor forma ganha. Do nosso lado, o John Terry ainda mantém a forma física. Joguei com o Kaká no ano passado e ele ainda tem um ótimo toque. Temos ótimos jogadores, mas não muitos que se tenham retirado recentemente. Então eu acho que a vantagem está do lado das lendas portuguesas.
- Quantos golos podemos esperar de Michael Owen?
- Contra o Pepe, provavelmente, nenhum!
- Como é o sentimento de entrar em campo pela causa da solidariedade?
- É incrível estar numa posição, agora como ex-profissional, em que tenho alguma influência para ajudar as instituições de caridade. É um privilégio.
- Podemos esperar um jogo intenso?
- Claro! Não importa se já estamos reformados, não importa se relaxamos numa vida diferente. Quando cruzamos aquela linha branca e jogamos futebol… Este foi o nosso, o campo é a nossa oficina, é onde somos muito sérios e queremos fazer bem. É impossível desligar disso. Será um jogo com diversão, felicidade, mas com desejo de ganha