Os casos semelhantes de Schjelderup e Asencio
MADRID — Andreas Schjelderup, 21 anos, é norueguês e joga no Benfica, Raúl Asencio é espanhol e defende a camisola do Real Madrid, Andreas é um ano mais novo que Raúl, o que os une é que ambos cometeram um semelhante erro e terão de responder perante a Justiça.
Asencio chegou à equipa principal do Real lançado por Carlo Ancelotti para ocupar o lugar de Militão, quando este, no início da passada temporada, sofreu a sua segunda rotura de ligamentos. A estreia, num jogo no Bernabéu contra o Osasuna, não poderia ter sido mais auspiciosa — fez um excelente passe em profundidade para Bellingham e este assinou o golo da vitória.
As suas exibições foram sendo cada vez mais convincentes, tornou-se titular indiscutível e foi chamado à seleção. No final da época passada, atravessou uma crise no jogo dele que se prolongou no início da atual. Pouco a pouco foi recuperando e, no desafio do último fim de semana, contra o Rayo Vallecano foi o melhor jogador da equipa.
O caso em que Asencio está envolvido teve lugar no Verão de há dois anos, quando ainda jogava no Castilla, a segunda equipa do Real Madrid. Ele e mais três companheiros, resolveram ir passar férias à Gran Canária. No dia 13 de junho de 2023, num clube de praia do sul da ilha, conheceram duas raparigas, uma de 16 e a outra 18 anos, que mantiveram relações sexuais com os amigos de Asencio, que preferiu ficar na piscina e não unir-se ao grupo.
Segundo argumenta o representante do Ministério Público no seu relatório, a dada altura dois dos rapazes serviram-se dos telemóveis para fotografar e gravar o encontro sem o consentimento das duas jovens. «Uma vez finalizada a relação sexual, os três facilitaram a terceiros as ditas fotografias e gravações», incluindo-as em grupos de WhatsApp.
Dez dias mais tarde, Asencio pediu a um dos colegas que lhe mandasse a gravação, recebeu-a em formato de uma só visualização e, supostamente, tê-la-á mostrado a um amigo com quem estava em Las Palmas, sua cidade natal. Por este gesto irrefletido, de cuja gravidade não estaria consciente, Asencio está acusado do delito de revelação de segredos em conjunto com outro de pornografia infantil ao ter facilitado a um terceiro, alegadamente, uma gravação não consentida pelas raparigas (uma das quais menor de idade) e que tinham pedido que a mesma fosse apagada.
Os três antigos companheiros de equipa de Asencio já não estão no Real Madrid, os quatro terão de sentar-se no banco dos réus num julgamento que ainda não se sabe em que data será. O que sim se conhece é que o Ministério Público pede para Raúl Asencio uma pena de dois anos e meio de prisão, uma multa de 100 euros diários durante 24 meses e o pagamento de indemnização de 10 mil euros.
Desde que o caso se tornou público, a vida não tem sido fácil para Asencio. O clube procura protegê-lo mas não tem podido evitar que, em alguns estádios em que o Real tem atuado, o público lhe recorde o sucedido, insultando-o com gritos de «Asencio, morre.»
Apesar de tudo isso, o jovem futebolista, com um brilhante futuro à sua frente, tem revelado uma grande personalidade. Durante os desafios dá sempre o melhor, procurando não deixar que o pesadelo que o persegue afete, negativamente, o seu rendimento, algo que os adeptos madridistas, muito justamente, têm sabido reconhecer.