O plano do Benfica até janeiro
A ideia não é promover uma revolução e apostar de forma desarticulada na formação, mas a falta de soluções no plantel e os indicadores pobres que vários jogadores têm transmitido em alguns jogos, particularmente no mais recente, com o Atlético, para a Taça de Portugal, no final do qual José Mourinho foi muito crítico — «Quem não aproveita a oportunidade e vê miúdos passarem-lhe à frente, depois não me venha bater à porta», disse —, levam o treinador a olhar de forma mais urgente para os jovens do Seixal.
Sabe A BOLA, depois da boa experiência com o lançamento a titular do extremo Rodrigo Rêgo, 20 anos, Mourinho poderá promover até janeiro o lançamento de mais jovens na equipa principal.
O técnico dos encarnados, depois de ter testado várias soluções para fazer crescer a equipa, entende que a fome de afirmação de alguns talentos da formação pode ajudar a potenciar a atitude competitiva e a conseguir resultados.
Mourinho passa muito tempo no Seixal, tem assistido a muitos jogos dos escalões de formação, e está já mais consciente da qualidade que existe, identificando alguns jogadores que, apesar da falta de experiência a nível sénior, poderão ser chamados em breve, da equipa B e também dos sub-23.
Esta época, Mourinho promoveu as estreias dos extremos Ivan Lima e Rodrigo Rêgo, mas, entre outros, já convocou, por exemplo, Gonçalo Moreira, médio-ofensivo de 19 anos sobre quem confessou «ter um fraquinho», além de mais elogios que lhe fez em público.
José Mourinho deu vários sinais que considera abrir as portas dos Seixal de forma mais assertiva. «Honestamente, para mim, os jogadores não têm idade. Se tiver de lançar um jovem de 17 ou 18 anos não terei problema algum em fazê-lo. [...] Aquilo que procuro fazer é tentar conhecer os jogadores o mais possível. Obviamente que a equipa B está mais perto de nós, circulando os jogadores que vêm treinar comigo. Vou ver os treinos e é mais fácil conhecer os jogadores, mas procuro conhecer ao máximo porque às vezes há jogadores com um potencial tão elevado que queimam etapas. Às vezes é possível que me apaixone por um jogador que não está nos sub-23 e que não está na equipa B e que possa fazer um salto direto, por exemplo, dos sub-18», disse o treinador, no final de outubro.
Exemplos na carreira
Apesar de Mourinho ter construído carreira sobretudo alicerçada em plantéis com jogadores consagrados e de qualidade elevada, a promoção de jovens também foi constante. Quando treinou o Inter apostou, por exemplo, Santon e Balotelli, ainda muito jovens. No Real Madrid: Morata, Diego Llorente, Carvajal ou Joselu; no Chelsea: Christensen, Zouma, Loftus-Cheek ou Solanke ilustram a atenção do técnico às camadas de formação; no Manchester United fez jogar McTominay, Tuanzebe, Angel Gomes; na Roma, Bove, Tahirovic, Huijsen, Afena-Gyan, Volpato, Dimitrios Keramitsis ou Pagano; no Tottenham puxou Troy Parrot para palcos maiores; e mesmo no Fenerbahçe, onde não foi feliz, apostou no promissor Yusuf Akçiçek, quando ele tinha somente 17 anos.
É forte, pois, a possibilidade de José Mourinho surpreender nas próximas semanas com a chamada de mais jogadores inexperientes, mas com qualidade e fome de bola. Um plano que, a ser executado com maior dimensão, casará na perfeição com aquilo que os adeptos mais desejam: apoiar a afirmação de jogadores que crescem no Seixal.
Recorde-se que, porém, o atual plantel principal já integra vários jogadores que subiram dos escalões de formação. Os guarda-redes Samuel Soares, Diogo Ferreira e Leonardo Lopes; o lateral-direito Leandro Santos; os defesas-centrais António Silva, Tomás Araújo, Gonçalo Oliveira e Joshua Wynder; os médios Nuno Félix, Diogo Prioste, João Veloso e João Rego; o extremo Ivan Lima; o ponta de lança Henrique Araújo. E agora também o extremo Rodrigo Rêgo.
Até janeiro, altura em que o plantel será reequilibrado no mercado para transferências, haverá jovens a ter oportunidades de ouro.