O Clássico e as suas circunstâncias

O Benfica joga muito no Clássico; mas o FC Porto joga tudo. Esta é uma diferença que pode ser relevante nos 90 minutosna sexta-feira Santa

OClássico que terá como palco, na próxima sexta-feira Santa, o Estádio da Luz, reveste-se de grande importância para o Benfica, que pode aí dar um passo de gigante rumo ao 38.º campeonato nacional da sua história. Porém, para o FC Porto, o Clássico vai para além da grande importância que os encarnados naturalmente lhe darão: trata-se de um mata-mata, não só em relação à questão do título, mas ainda (e perante a força que o SC Braga continua a alardear semana após semana, e a subida de forma do Sporting, que finalmente entrou nos carris da regularidade) quanto à luta por um lugar na próxima edição da Liga dos Campeões.

Ficar fora da Champions, especialmente para Benfica, FC Porto e Sporting, que têm orçamentos que resistirão mal a um percalço desses, pode representar um retrocesso irrecuperável, quando estamos em vésperas de perder um clube na Liga Milionária de 2024/25, que será jogada em moldes que vão garantir mais jogos e muito mais dinheiro.

Do que o FC Porto - que dista dez pontos do Benfica e tem um avanço de dois sobre o SC Braga e de oito  sobre o Sporting (que tem um jogo a menos, em Barcelos) - fizer na Luz, dependerá muito a história deste campeonato.

Dito isto, quem entrará no anfiteatro encarnado com mais fome de vitória? O líder folgado, que quer arrumar a questão do título, ou o vice-líder apertado, que sabe que está obrigado a fazer um all in na Luz, onde o empate lhe valerá como derrota?  

Num Clássico, mais a mais marcado por uma rivalidade que cresceu exponencialmente neste século, não é prudente avançar com previsões. O que não significa que não se diga que a Luz tem sido um forte onde a equipa de Roger Schmidt tem sido particularmente competitiva (empates com PSG e Sporting e o resto vitórias); e não se recorde a personalidade com que o FC Porto jogou em Milão, com o Inter, ou no Metropolitano, apesar da derrota, com o Atlético de Madrid.

É um grande jogo que está em perspetiva, entre equipas que adotam sistemas semelhantes, e fazem da intensidade e da pressão as suas principais armas.

Finalmente, não me passa na cabeça que o Conselho de Arbitragem não  mande à Luz o melhor dos árbitro, e à Cidade do Futebol, o melhor dos VAR.


ÁS — GONÇALO RAMOS

Jogo difícil para o Benfica em Vila do Conde, sem grandes oportunidades, que acabou por ser desbloqueado por Gonçalo Ramos, que está a devolver, em golos, toda a confiança que Roger Schmidt lhe passou desde que chegou à Luz. A cotação de Ramos em 22/23, com presença bem visível no Mundial,  subiu em flecha...


ÁS — JOSÉ GOMES

O Marítimo, décimo clube com mais presenças na I Divisão, chegou a parecer condenado à despromoção, depois de uma entrada em falso que custou o lugar a Vasco Seabra e João Henriques. Porém, com a chegada de José Gomes a esperança de, pelo menos, disputar o playoff, reacendeu-se. Será uma grande luta com o Paços.


DUQUE — TED BOEHLY

O líder do consórcio que comprou o Chelsea a  Abramovich, desiludido com o facto de não ver resultados imediatos, apesar de encharcar os problemas em dinheiro, só precisou de dez meses para despedir Tuchel e Potter, transformando Stamford Bridge num cemitério de treinadores. Quem será a próxima vítima?