Alice, a filha de Miguel Oliveira, companheira de todas as horas. Foto André Carvalho/A BOLA
Alice, a filha de Miguel Oliveira, companheira de todas as horas. Foto André Carvalho/A BOLA

Miguel Oliveira: «Foi muito difícil gerir as emoções»

Piloto português foi homenageado antes da partida para o Grande Prémio de Portugal, penúltima corrida do Mundial, no Autódromo de Portimão que encheu para se despedir do 'Falcão'

Alice foi a primeira a entrar na sala, onde os jornalistas aguardavam por Miguel Oliveira e a filha do piloto português voltou a não deixar ninguém indiferente. Na grelha foi ela que lhe entregou a bandeira nacional que ele passeou pelo autódromo de Portimão no final da 21.ª corrida da temporada, penúltimo Grande Prémio do Mundial de MotoGP.

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«Sabia que haveria uma homenagem pela minha carreira, que acredito que foi ímpar, mas longe de imaginar. Quando se tem uma criança, esta, a entregar a bandeira de Portugal, com tanto simbolismo não é fácil…», começou por revelar apontando para Alice. «Quando cheguei ao fim e tirei o capacete foi como se tivesse tirado 100 quilos de cima», contou com um sorriso após aquela que foi a penúltima corrida na MotoGP, já que, após esta que é a sua sétima temporada na categoria rainha, vai passar para o Mundial de Superbikes (de motas derivadas de série) a partir de 2026, com a BMW.

« Não é um adeus, mas é uma despedida do MotoGP em casa, com um sentimento especial e estou muito grato pelo apoio e o carinho do público», insistiu. «Foi muito difícil gerir as emoções», confessou ele que entrou na pista ao lado do pai, sob enorme ovação do público que não se cansou de gritar o seu nome.

«Ter o simbolismo daquilo que nos lançou para o mundo, a caravela portuguesa, e equiparar a minha trajetória desportiva a isso foi um momento muito bonito, muito emotivo e acho que merecido [sorriu] mas, o maior reconhecimento foi ser aplaudido por todos os meus colegas, ter o reconhecimento dos nossos pares é muito bom», agradeceu o piloto de 30 anos.

Quanto à corrida, para a história fica o 14.º lugar e uma sensação de dever cumprido.

«Foi um resultado satisfatório, no sentido em que foi mais comparável com as outras duas Yamahas, o Fabio [Quartararo] saía mais à frente. A moto ficou mais controlável ao sair das curvas, não consegui fazer o arranque como na véspera devido a um problema na embraiagem, podia ter ficado um pouco mais à frente», considerou. «Foi um fim de semana em crescendo, acabei por terminar dentro dos pontos, que era um objetivo realista, e agora seguimos para Valência», explicou referindo-se ao último Grande Prémio da temporada. Sem saudosismos. «Vai ser um passeio em termos emocionais, depois do que vivi aqui, com menos pressão, muito mais tranquilo por certo», adivinhou o Falcão.

Miguel Oliveira antes da partida para o GP de Portugal

«A semana vai ser muito mais tranquila do que a que antecedeu este em termos emocionais. A última semana vai ter o cunho de terminar no MotoGP por agora, mas com um ambiente fora deste contexto»

«É difícil gerir todas as emoções, consegui entrar relaxado e até consegui fazer a melhor volta no fim», explicou.

Férias é que mesmo depois de Valência, que no próximo fim de semana recebe a última corrida da temporada, serão poucas, não só porque haverá testes de Superbikes ainda em novembro, mas também porque conforme contou com um sorriso há outros afazeres: «Vou ficar uma semana sozinho com os dois [filhos] porque a minha mulher vai fazer um curso, portanto, não vai ser carregar baterias, mas sim descarregar», rematou a rir-se.

A cerimónia começou com a descida de vários paraquedistas com a bandeira nacional, abrindo caminho para a entrada na pista de uma enorme Caravela Portuguesa. Pela grelha passaram ainda várias pessoas que quiseram cumprimentar Miguel Oliveira antes da última corrida em casa, nomeadamente, Marques Mendes, candidato à presidência da República Portuguesa.

Porém, passou despercebido, pois era para o piloto luso que partiu do 19.º lugar da grelha de partida que todas as atenções estavam viradas.

Miguel Oliveira disputou 116 corridas em MotoGP, contando cinco triunfos (Estíria, Algarve, Catalunha, Indonésia e Tailândia), sete pódios e uma pole position, precisamente no ano da vitória em Portimão, em 2020.