Mesmo ganhando, Ruben Amorim é um homem derrotado
O penálti de Bruno Fernandes no sétimo minuto de compensação, na receção do Manchester United ao Burnley, terá salvo Ruben Amorim, que depois da eliminação a meio da semana frente ao Grismby, do quarto escalão, na Taça da Liga inglesa, estaria provavelmente com a cabeça no cepo caso não tivesse conseguido a oitava — sim, apenas a oitava, em 30 jogos — vitória na carreira na Premier League.
Mas mesmo com o triunfo, Amorim deu sinais de ser um homem derrotado. A forma como nem quis ver Bruno Fernandes bater o penálti; a forma como, com o árbitro a prolongar a compensação depois do 3-2, praticamente desistiu de dar indicações, limitando-se a uns sinais com os braços; a forma como, durante quase todo o encontro, foi olhando incrédulo ou abanando a cabeça perante os golos falhados, os erros defensivos, os disparates que deixaram o United muito perto de voltar a não vencer em Old Trafford... Tudo junto, é difícil não ficar com a sensação de que o ex-treinador do Sporting não sabe bem o que fazer.
Não tenho dúvidas de que as bolas paradas serão trabalhadas à exaustão, mas o United continua a sofrer golos dessa forma.
No mercado, só chegaram avançados (tirando Diogo León, lateral-esquerdo de 18 anos que veio do Cerro Porteño e não tem contado), como se os problemas evidenciados no ano passado fossem só a falta de eficácia. Entretanto, os diabos vermelhos continuam a sofrer golos em todos os jogos.
E Amorim parece deixar-se abater — a forma como fala nas conferências de imprensa e como reage nos jogos é um tremendo contraste em relação ao que foi nos tempos de Alvalade, mesmo quando as coisas correram menos bem. E mesmo na vitória, que até poderia (e poderá, vamos ver...) ser um ponto de viragem, o treinador não consegue desfazer a ideia de impotência.
«Às vezes odeio os meus jogadores, às vezes amo-os, às vezes quero defendê-los. Às vezes quero desistir, outras vezes quero ficar aqui por 20 anos», disse Amorim na sexta-feira, em conferência de imprensa, antes do duelo com o Burnley.
Mais do que odiar os jogadores, o problema é que parece cada vez mais odiar o que está a fazer.
Queixarmo-nos de barriga cheia
Para quem gosta de criticar arbitragens em Portugal, prestem atenção a tudo o que aconteceu este sábado em Inglaterra, sobretudo o golo anulado ao Fulham de Marco Silva. Muitas vezes queixamo-nos de barriga cheia.