Camisola 55 puxou a si todo o protagonismo e apontou um 'hat trick' - Foto: Carlos Barroso/LUSA
Camisola 55 puxou a si todo o protagonismo e apontou um 'hat trick' - Foto: Carlos Barroso/LUSA

Máscara caiu: Sidny Cabral vestiu a pele de... Santo (crónica)

Cabo-verdiano brilhou na primeira fora da Reboleira. Hóquei em patins ou futsal? Gansos prolongam jejum

O Halloween tinha sido comemorado na noite anterior, mas houve quem tivesse preferido festejar o Dia de Todos os Santos: Sidny Cabral.

O internacional por Cabo Verde deixou cair a máscara que o Estrela da Amadora tinha utilizado em todos os jogos fora de casa e foi o pároco do primeiro triunfo dos tricolores longe da Reboleira.

Olhando para o resultado final podia o estimado leitor pensar que o jogo era referente ao campeonato nacional de hóquei patins ou de futsal. Não foi. Foi mesmo de futebol. E do bom. Aliás, do melhor que se tem visto nesta Liga. Desde logo, claro, porque foi o duelo que mais golos teve até ao momento.

Mas também porque houve qualidade de parte a parte. E só não tivemos mais dois tentos devido à intervenção do VAR em lances que Kikas e Cassiano tinham introduzido a bola nas balizas contrárias: o português do Estrela da Amadora estava em fora de jogo (23'), o brasileiro do Casa Pia deu dois toques no esférico na marcação de um livre direto (90+7').

O dérbi lisboeta (ainda que em solo ribatejano) começou pintado de preto: Cassiano, no coração da área, deu o melhor seguimento a um cruzamento com conta, peso e medida de Kelian Nsona e colocou os gansos em vantagem.

Mas a festa casapiana durou apenas dois minutos: Kikas queria muito marcar e teve cabeça para responder à assistência de Abraham Marcus. Os estrelistas não estavam satisfeitos com o empate e ainda antes do intervalo deram a cambalhota no marcador. Iyad Mohamed derrubou Sidny Cabral no interior da área e o camisola 55 dava início a um jogo para recordar para a eternidade: chamado à conversão do penálti, o cabo-verdiano consumou a reviravolta.

Iyad Mohamed redimiu-se logo após o reatamento, devolvendo a igualdade aos da casa, mas os da Reboleira voltaram à carga.

Sidny Cabral voltou a não perdoar da marca dos 11 metros (o próprio fora derrubado por Patrick Sequeira), e Paulo Moreira também fez o gosto ao pé.

E Sidny Cabral, não satisfeito, ainda fez o quinto, com um golaço para ver e rever. José Fonte apenas atenuou a tremenda angústia dos gansos.

João Nuno já sabe o que é ganhar ao leme do Estrela, o Casa Pia de João Pereira prolongou o jejum caseiro na presente temporada.

E se a descer todos os santos ajudam, Sidny Cabral deu aos tricolores um rumo diferente: o da subida... classificativa. Bela missa!

O melhor em campo: Sidny Cabral (Estrela da Amadora):
Um, dois, três. Diz-se no seio católico que foi a conta que Deus fez. O internacional cabo-verdiano deu mostras de uma crença (futebolística, entenda-se) inabalável e puxou a si todo o protagonismo. E se uns podem dizer que os dois primeiros golos foram de penálti (também há quem os falhe...), outros poderão falar do terceiro tento do camisola 55: passou por três a atirou a contar. Chapeau!
A figura: Cassiano (Casa Pia)
O ponta de lança dos gansos foi sempre um dos mais ativos. Mesmo nos períodos em que a fase de construção coletiva não surtia efeito na chegada ao último terço, o brasileiro movimentava-se de forma inteligente sem bola para oferecer linhas de passe. Quando foi chamado efetivamente à ação, faturou. E ainda chegou ao bis, de livre direto, mas tinha dado dois toques na bola e o VAR invalidou o lance.

As notas dos jogadores do Casa Pia:

As notas dos jogadores do Estrela da Amadora:

Reação dos treinadores:

João Pereira (Casa Pia)

O primeiro responsável sou eu. Nenhum treinador resolve nada sozinho. Eu sinto-me capaz e, como tal, parte da solução. Foi um dia mau. Resultado justo, mas avolumado. O Estrela da Amadora foi mais competente. Acredito que o Casa Pia vai fazer uma grande época. As contas fazem-se no fim e não na 10.ª jornada.

João Nuno (Estrela da Amadora)

Parabéns aos jogadores por acreditarem no que estamos a fazer. Vínhamos de três derrotas e a equipa deu grande resposta. Estou muito feliz. Estivemos a perder, demos a volta antes do intervalo, e logo depois do descanso sofremos o empate. A equipa reagiu bem e fizemos mais três golos. Foi uma vitória inteiramente justa.