Martín Anselmi não passa disto
A expectativa de ver algo de refrescante e novo no depressivo FC Porto de 2024/25 durou escassos 15 minutos no jogo frente ao Palmeiras. É certo que a condição física dos azuis e brancos para este Mundial-que-não-se-percebe-bem-se-é-o-fim-de-uma-época-ou-o-início-de-outra está longe de ser a melhor, também é verdade que a equipa de Abel Ferreira está a meio da temporada e, naturalmente, tem esses índices noutros patamares, mas servirá isso de desculpa?
Não. Não podemos esconder que a herança de Anselmi não foi a melhor e ainda perdeu Galeno e Nico González num piscar de olhos, recebendo os desconhecidos William Gomes e Tomás Pérez, mas continuam a ser muitas as dúvidas e poucas as certezas sobre a capacidade que o argentino terá para dar a volta ao texto.
Apesar de bom falante e de ter um discurso honesto, Anselmi continua sem entender a realidade do clube que representa. Trocar Rodrigo Mora, um raio de luz no breu que é esta equipa, por Eustáquio, a 15 minutos dos 90', não cabe na cabeça de ninguém e mostra que é maior o medo de perder do que a ambição de ganhar. Num clube como o FC Porto, isso simplesmente não funciona, caro Martín.
Diante do Palmeiras, era grande a curiosidade para perceber se a entrada do talentoso Gabri Veiga serviria para contagiar o resto da equipa, mas a estreia do ex-Al Ahli, um brutal investimento da SAD para a nova época, soube a pouco.
Sobretudo porque, incompreensivelmente, o treinador lhe pediu para cair para a meia-esquerda sendo ele um 8/10 puro, e, por isso, andou sempre alheado do centro do jogo. De ser infiel às ideias não podemos acusar Anselmi, mas até ao mais fervoroso adepto do argentino custará perceber qual será, afinal, essa ideia, já que o técnico insiste num sistema desenquadrado da realidade do plantel que tem. Como na época passada, a equipa do FC Porto surgiu em campo completamente partida, sem ligação entre setores e só uma grande exibição de Cláudio Ramos impediu que a sonolenta exibição dos dragões se traduzisse em derrota na estreia no Mundial de Clubes.
Lembro-me, num passado não muito distante, de ver o FC Porto de Sérgio Conceição, com muito menos recursos do que alguns tubarões do futebol europeu, a com eles ombrear nas fases mais adiantadas da Liga dos Campeões. Agora, o seu treinador orgulha-se de «competir e lutar» até ao fim. É curto e André Villas-Boas saberá disso. E também da exigência dos adeptos, que se habituaram a ganhar e não só a competir...
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