Martim Mayer lamentou ausência de mais debates entre candidatos e revelou se apoiaria outro candidato numa eventual segunda volta

Martim Mayer: «Louis Van Gaal não está disponível para o Benfica»

O candidato à presidência dos encarnados explicou a A BOLA o projeto desportivo da lista B, assente na articulação entre presidente, o diretor-geral, Andries Jonker, Mário Branco e José Mourinho

Quais são as medidas que gostaria que fossem implementadas no seu primeiro ano de mandato?

 Equilíbrio financeiro do clube. Isso não acontece neste momento. Todos os anos temos 70 milhões de euros para resolver. As despesas e os custos recorrentes devem ser a base de partida do meu mandato. Eu e a minha equipa vamos arregaçar as mangas desde o primeiro dia e vamos querer que isso aconteça a cronómetro, tão rápido quanto possível porque é decisivo para a política de gestão do futebol. Quero ganhar quatro títulos no primeiro mandato e mais quatro títulos no segundo mandato, assim os sócios me dêem essa oportunidade. Depois de haver o equilíbrio financeiro, a organização da estrutura do futebol é fundamental. Por isso é que já trabalho com Andries Jonker há alguns meses, temos identificado as áreas em que temos de intervir primeiro. Por isso é que é tão importante criar uma continuidade, desde os sub-13 até à equipa A, que permita ao futebol do Benfica trabalhar como um todo. Isto exige a criação de ligações humanas importantes entre mim, Andries Jonker, José Mourinho e Mário Branco. Queremos assegurar que, do ponto de vista humano e do relacionamento profissional, estas quatro pessoas criam, desde logo, o espírito e equipa à Benfica necessário para trabalhar toda a estrutura.

Quero ganhar quatro títulos no primeiro mandato e mais quatro títulos no segundo

Apresentou recentemente Andries Jonker como diretor-geral num evento em que Louis Van Gaal marcou presença. Podemos vê-lo com um papel mais vincado no futebol do Benfica no futuro? Qual será o papel hierárquico de Mário Branco daqui para a frente, caso seja eleito?

Louis Van Gaal é, neste momento, consultor do Ajax, não está disponível para o Benfica. É alguém porque quem tenho muita estima e imensa consideração profissional, nomeadamente pelo conhecimento que tem no futebol, e farei de tudo para continuar próximo dele. Relativamente à estrutura hierárquica é muito simples. Debaixo do presidente, no futebol existem estas três pessoas: Andries Jonker, José Mourinho e Mário Branco. Hierarquicamente equivalem-se. Do ponto de vista do que é que fazem no dia a dia e das suas principais preocupações no Andries Jonker temos um projeto de médio prazo, de quatro anos, que vai estruturar de uma forma diferente todo o futebol do Benfica. Em José Mourinho e Mário Branco temos o curtíssimo prazo, temos os stresses do plantel, o estudo do próximo jogo e uma quantidade de fatores que, às vezes, minuto a minuto mudam e têm que ser pensados e ser resolvidos. É isso que José Mourinho e Mário Branco fazem e é suficiente água pela barba para estarem ocupados. Portanto, são [tarefas] altamente complementares e hierarquicamente equivalentes.

Andries Jonker, escolhido por Martim Mayer para o cargo de diretor geral, e Louis van Gaal, quinta-feira, em Lisboa — Foto: D.R.
Andries Jonker, escolhido por Martim Mayer para o cargo de diretor geral, e Louis van Gaal, em Lisboa — Foto: D.R.

Um estudo apresentado pela candidatura Benfica no Sangue destacou que a incapacidade do Benfica de reter os maiores talentos mais de dois anos na equipa principal. Como é que pretende inverter esta situação?

Primeiro, passa decisivamente por haver equilíbrio financeiro, senão não somos livres de tomar as melhores decisões desportivas. A partir do instante que o equilíbrio financeiro exista, é necessário criar uma estrutura no futebol do Benfica que crie uma escola com continuidade e um modelo de jogo que seja implementado desde os sub-13 até à equipa A. O Benfica tem das melhores academias do mundo, mas a concretização de talento na equipa A tem que forçosamente subir. Para subir é necessário fazer algo que não tem sido conversado em Portugal no futebol, mas que é crítico ao nível dos grandes da Europa: a aceleração de talento. A aceleração de talento é o que vai decidir quais é que vão ser no futuro próximo os clubes da Europa mais competitivos e bem-sucedidos. O senhor Andries Jonker vem para fazer isso. Com equilíbrio financeiro não só conseguimos acelerar talento, como a seguir podemos retê-lo. Isto passa também por uma tomada de risco. Nós não vamos querer ter dois plantéis, um da formação e outro com contratações massivas. Vamos apostar que metade da equipa seja consistentemente vinda da formação. Para isso, temos que dar oportunidade para que o fim do crescimento dos jogadores de qualidade que vêm da formação seja na equipa principal. Com base em mapas sucessórios vistos a priori para quatro anos, podemos perceber onde é que temos fraquezas, em que posições é que temos de procurar fora aquilo que não temos dentro e ser muito mais racionais e muito mais incisivso na aplicação das disponibilidades financeiras que o Benfica tem. Disto tudo resultará, a breve trecho, se deus quiser, na elevação de um um troféu europeu.