Aryna Sabalenka e Nick Kyrgios protagonizaram a versão 2025 da Batalha dos Sexos (EPA)
Aryna Sabalenka e Nick Kyrgios protagonizaram a versão 2025 da Batalha dos Sexos (EPA)

Kyrgios vence Sabalenka na Batalha dos Sexos

Australiano superou bielorrussa por duplo 6-3, num jogo de exibição que recupera célebre duelo de há 52 anos que foi manifesto contra o machismo

A Batalha dos Sexos, criada há 52 anos, quando Billie Jean King enfrentou Bobby Riggs num duelo que ultrapassou o ténis e se transformou num manifesto contra o machismo, regressou carregada de simbolismo — e de contradições. O eco desse encontro histórico, visto por mais de 90 milhões de pessoas em todo o mundo, ainda ressoa cada vez que um homem e uma mulher se encontram separados apenas por uma rede.

A Coca-Cola Arena, no Dubai, foi palco do renascimento dessa ideia original. De um lado, Aryna Sabalenka, força da natureza, quatro vezes campeã de Grand Slam, símbolo do poder e da afirmação do ténis feminino moderno. Do outro, Nick Kyrgios, talento indomável e imprevisível, hoje mais conhecido pelas lesões e pela distância ao topo — ocupa o modesto 673.º lugar do ranking ATP — do que pelos dias em que deslumbrou Wimbledon, onde foi finalista em 2022. Não era apenas um jogo de exibição; era, mais uma vez, uma narrativa pronta a ser interpretada.

Aryna Sabalenka e Nick Kyrgios protagonizaram a versão 2025 da Batalha dos Sexos (EPA)

O encontro — sem possibilidade de segundo serviço e com a metade de Sabalenka mais estreita, para contrabalançar a diferença de força nas pancadas — começou equilibrado, como se o guião pedisse suspense. Até ao 3-3, ninguém cedeu terreno, mas foi aí que Kyrgios encontrou uma brecha no serviço da bielorrussa e ganhou confiança. A partir desse momento, embalou até fechar o set sem olhar para trás.

Kyrgios vence Sabalenka na Batalha dos Sexos (EPA)

Na segunda partida, Sabalenka reagiu com autoridade, quebrou cedo e adiantou-se para 3-1, parecendo pronta para restabelecer uma nova ordem no duelo dos sexos. Mas Kyrgios devolveu o break, empatou a contenda e voltou a acelerar, fechando o encontro com um duplo 6-3.

Aryna Sabalenka e Nick Kyrgios protagonizaram a versão 2025 da Batalha dos Sexos (EPA)

Billie Jean King criticou o encontro, alertando para um desvio ao propósito original e para o risco de se transmitir uma imagem injusta do ténis feminino — e do desporto feminino em geral. Talvez seja esse o maior saldo desta noite no Dubai: não o resultado, mas o debate reacendido. Porque, meio século depois, a verdadeira batalha continua a ser fora do court, onde o jogo se mede menos em ases e breaks, e mais em significado.