Sabalenka e Kyrgios seguem firmes na intenção de se defrontarem. Foto Nick Kyrgios
Sabalenka e Kyrgios seguem firmes na intenção de se defrontarem. Foto Nick Kyrgios

'Batalha dos sexos' de Sabalenka e Kyrgios debaixo de fogo

A partida de ténis vai realizar-se no Dubai, dia 28 de dezembro, e está a causar polémica por causa das questões misóginas. Agora, foi a lenda Billie Jean King, que venceu Riggs em 1973, no mesmo formato, a criticar o encontro

A 'Batalha dos Sexos' que o australiano Nick Kyrgios e a bielorrussa Aryna Sabalenka vão protagonizar dia 28 de dezembro, no Dubai, continua a dar que falar e agora recebeu palavras duras de um nome de peso, a norte-americana Billie Jean King, pioneira neste tipo de eventos quando defrontou Bobby Riggs em 1973.

Na altura, King venceu Riggs por 6-4, 6-3, 6-3, mas sobre o novo confronto entre Sabalenka e Kyrgios, a lenda do ténis foi clara: «A única semelhança é que um é rapaz e a outra é rapariga. É tudo», afirmou veemente.

«O nosso evento foi sobre mudança social e cultural, sobre o momento que vivíamos em 1973. Este não é», esclareceu Billie Jean King.

Foram mais de 30 mil pessoas presentes no Astrodome, recorde numa partida de ténis até 2010 e mais de 90 milhões de espetadores viram a transmissão televisiva, de uma partida que era uma guerra dos direitos do sexo feminino. A tenista ganhou os 100 mil dólares de prémio - cerca de 85 mil euros - mas conseguiu, também, por exemplo, que o US Open passasse a pagar de forma igualitária homens e mulheres.

Mais cáustico, o jornalista australiano, Julian King, da rádio SEN, considera que o evento apenas diminui o ténis feminino.

«Se Sabalenka perder, penso que o ténis feminino será depreciado», argumentou. «Se ela ganhar, os media vão dizer que venceu um jogador acabado, lesionado, que mal competiu nos últimos dois anos e que ocupa o lugar 670 e tal no ranking. Se perder, vai apenas despertar todos os misóginos que defendem que o desporto masculino é simplesmente superior. Esta 'Batalha dos Sexos' é um número de circo que não trará nada de bom», defendeu.

Perante a avalanche de comentários negativos, o polémico Nick Kyrgios não se conteve e respondeu através das redes sociais, desvalorizando as críticas.

«A propósito, todos os comentários negativos sobre a 'Batalha dos Sexos' não fazem mais do que dar-lhe ainda mais atenção», escreveu no Instagram. «No final de contas, a Aryna será recordada como uma das maiores jogadoras de sempre. Eu terei entretido multidões por todo o mundo. Somos dois seres humanos, bons amigos, que querem dar um espetáculo e atrair mais olhares para o ténis», sustentou o tenista.

«Sentem-se e desfrutem do espetáculo. Ambos adoramos o desafio e entramos nisto sem qualquer experiência real. Ninguém quer saber do que vocês têm para dizer», concluiu o australiano.

Sabalenka, atual n.º 1 do ranking WTA, também não parece incomodada com o ruído à volta do evento. «Não se trata de o homem ser biologicamente mais forte que a mulher. Este evento só vai ajudar a elevar o ténis feminino a um nível superior», disse a bielorrussa à BBC. «Quem ganhar, ganhou.»

«Não vai ser um encontro fácil para o Nick. Vou estar lá para competir e mostrar que as mulheres são fortes, poderosas e proporcionam um bom espetáculo», garantiu. «Ele está numa situação em que só tem a perder. Eu só tenho a ganhar.»

A ideia da partida de ténis foi do agente de ambos os jogadores, Stuart Duguid, que assegurou que, embora os atletas recebam uma compensação financeira, «não é o dinheiro que os move».