José Mourinho: «2-0 é um golo que não se pode sofrer»
Após a derrota por 0-3 em casa do Newcastle, José Mourinho, treinador do Benfica, defendeu que o resultado no final da primeira parte foi injusto por tudo o que os encarnados criaram, mas afirmou que, no segundo tempo, a equipa não poderia ter sofrido o segundo golo da maneira que sofreu. O special one disse que, nos últimos minutos, os encarnados sentiram a diferença em termos físicos e de velocidade para os magpies e garantiu que a equipa quer «lavar a cara» nos próximos dois jogos, em casa, frente a
Análise à partida.
— Na primeira parte faltou marcar. A primeira parte foi equilibrada mas houve mais oportunidades para nós do que para eles. Tivemos quatro oportunidades de golo, é difícil criar tanto e não fazer. Ao intervalo, diria que o resultado não era somente injusto, mas sim extremamente injusto, porque devíamos estar a ganhar, ou mesmo empatados. Na segunda parte, o início é parecido mas o segundo golo muda completamente a direção do jogo. É um golo que não se pode sofrer. É uma bola parada ofensiva nossa, com posicionamento correto na transição mas em que se perderam depois posições e se perdeu na velocidade. Depois do segundo golo a equipa caiu psicologicamente e veio ao de cima uma diferença muito grande, algo que nós já sabíamos. Eles tinham quatro alas muito rápidos, dois no campo e dois no banco. Sabia perfeitamente que, nos últimos 30 minutos, eles teriam motores completamente diferentes dos nossos. Se nesse período estivéssemos em vantagem ou pelo menos em igualdade no marcador poderíamos compactar e esconder um bocadinho essas debilidades e essa diferença de ritmo e velocidade. A perder 2-0, a equipa quis, depois quebrou física e mentalmente e sofremos. Não sofremos na primeira parte, acabámos por sofrer nos últimos 15, 20 minutos.
Adaptação de Tomás Araújo ao lado esquerdo da defesa correu como esperava?
— Correu bem. O Tomás teve um jogo bastante equilibrado. Acabámos por não sofrer nenhum golo de bola parada mas penso que foi evidente que cada bola parada era meio golo, que era um domínio tremendo de uma equipa com uma fisicalidade incrível. Se imaginarmos o Dahl a jogar em vez de jogar o Tomás, essa diferença acentuar-se-ia ainda mais. Acho que o Tomás esteve bem, com bola já sabíamos que não ia progredir no campo, mas a sua qualidade de passe foi boa e equilibrada. Sofremos três golos em transição. O primeiro, não diria transição, mas é um ataque rápido em que o Dedic perde para o melhor jogador em campo, que fez um jogo tremendo, o Anthony Gordon, no movimento diagonal. O segundo golo é uma transição, o terceiro golo é outra transição. Naquele período sofremos. É uma equipa com uma fisicalidade, uma qualidade e um ritmo fantásticos.
Sente falta de extremos no plantel do Benfica?
— É o que é. É o que temos. Na primeira parte jogámos bem. Todos sabemos o nosso perfil de equipa. É um perfil com que, em competições nacionais, dominando praticamente todos os jogos, somos uma equipa com capacidade para estar lá e para lutar por cada ponto, por cada vitória, pelo título. Quando vamos para competições internacionais, em que os jogos têm um cariz completamente diferente, sofremos um bocadinho, principalmente quando entramos em jogos em que estamos em situação de desvantagem e o jogo abre. Enquanto o jogo esteve mais fechado, mais compacto, a equipa esteve bem. Tivemos as duas oportunidades de Lukebakio, há uma, salvo erro, do Pavlidis, há um par de remates do Sudakov que foram bloqueados por um defesa ou por algum jogador nosso. Num jogo deste nível, contra uma equipa como o Newcastle, na primeira parte, criámos o suficiente para marcarmos e gerirmos o jogo na segunda parte de outra maneira. Não o fizemos, sofremos e, na segunda parte, quando sofremos o segundo golo, há uma diferença importante entre as equipas.
— Ontem disse que não falava à equipa no fim do jogo e normalmente não o faço. Hoje fi-lo e, muito resumidamente, disse-lhes que temos 15 pontos para lutar na Champions e que não precisamos de 15 pontos para nos qualificarmos. Diria que entre 9 e 11 será suficiente. Talvez não 9, mas 10, 11 pontos serão suficientes para nos qualificarmos. Não precisamos de 15, não precisamos de ganhar os cinco jogos. Não é demagogia barata nem é tentar motivar gente dizer que podemos perfeitamente qualificar-nos, apesar de termos cinco jogos difíceis pela frente. Para mim, este era o mais difícil. Pelas características do adversário, este era o mais difícil. [Quanto à] influência a nível emocional, temos dois jogos em casa, um para o campeonato e outro para a Taça da Liga e temos de limpar a cara. Não interessa como acabou a primeira parte, não interessa que o Newcastle tenha um poderio, um ritmo, uma velocidade maior do que a nossa, nada disso interessa. Aquilo que interessa fundamentalmente é que perdemos 3-0. Temos de limpar a cara nos dois jogos em casa antes de irmos a Guimarães.