John Textor afunda Lyon em dívidas depois de alegado esquema de transferências fictícias
O jornal francês L’Équipe revelou esta quarta-feira um esquema financeiro atribuído à gestão de John Textor no Lyon, envolvendo alegadas transferências fictícias de jogadores do Botafogo. De acordo com a investigação, o Lyon terá utilizado estes falsos negócios para garantir um empréstimo junto da sociedade de investimento MCCP Investment Partners.
Os factos remontam ao período em que Textor controlava simultaneamente o Lyon e o Botafogo através da Eagle Football Holdings. Segundo o L’Équipe, o empresário norte-americano recorreu a cinco negociações inventadas para antecipar receitas através de um contrato de factoring, permitindo assim financiar contratações que, na prática, nunca aconteceram.
Entre as supostas transferências figuravam os avançados Igor Jesus e Luiz Henrique, os médios Savarino e Thiago Almada, e o defesa Jair Cunha. Destes, apenas Almada chegou a vestir a camisola do Lyon — e apenas por empréstimo gratuito, em janeiro. Os restantes nunca integraram o plantel francês, e nenhum dos cinco negócios terá sido registado oficialmente na Liga Francesa (LFP).
Dívida chega aos 120 milhões
A operação, descrita pelo diário francês como «o mais recente escândalo herdado da era Textor», deixou o Lyon numa posição financeira delicada: o clube está agora obrigado a reembolsar 120 milhões de euros relativos a estas «transferências fantasma».
A MCCP Investment Partners já enviou vários avisos de cobrança ao clube francês, exigindo o pagamento da primeira prestação do negócio de Igor Jesus, avaliado em 41,5 milhões de euros, apesar do jogador nunca ter atuado um único minuto pelo Lyon.
De acordo com a investigação, altos funcionários do clube receberam e-mails solicitando o pagamento da tranche correspondente ao empréstimo de 41,5 milhões que, teoricamente, financiava a compra de Igor Jesus. Um montante cuja finalidade nunca se concretizou.
O L’Équipe acrescenta ainda que o dinheiro de outras alegadas vendas — Igor Jesus e Jair Cunha ao Nottingham Forest (28 milhões), Luiz Henrique ao Zenit (31 milhões) e Almada ao Atlético (20 milhões) — nunca entrou nos cofres do Lyon. Em vez disso, terá regressado ao Botafogo, que detinha uma opção de recompra sobre jogadores que, na realidade, nunca deixaram de pertencer ao clube brasileiro.
A passagem de John Textor pelo Lyon continua a gerar polémica. Embora o clube se mantenha sob a alçada do grupo Eagle, a gestão é agora liderada por Michele Kang, após o fim do controlo direto de Textor em junho deste ano.