João Neves ao serviço do PSG - Foto: IMAGO
João Neves ao serviço do PSG - Foto: IMAGO

João Neves recorda conquista: «Senti o maior alívio que alguma vez senti na vida»

Médio do PSG reflete sobre sucesso no início da carreira, recorda impacto de uma educação rígida e admite receio de desfazer estilo característico

João Neves é, aos 21 anos, uma das figuras do PSG, campeão europeu em título. A ascensão meteórica não deslumbra o médio luso, focado nos objetivos coletivos dos parisienses, nomeadamente no jogo de amanhã em Bilbau, com o Athletic: «Nunca pensei que era mais que alguém por ter dois, cinco, dez troféus, quero continuar a ganhar. Sabemos que a nossa qualificação para a fase seguinte está praticamente garantida, mas o nosso objectivo é terminar no top-8. Vamos encarar um jogo de cada vez, como fizemos na época passada. Estávamos a ter uma temporada horrível na Champions League mas terminou da forma que terminou.»

«Não tínhamos nada a perder, este ano é o mesmo, somos os detentores da Champions, mas temos qualidade para voltar a ganhar», frisou Neves em entrevista à UEFA, antes de recordar a noite em Munique coroou os parisienses reis da Europa pela primeira vez. O médio luso admitiu o que pensou quando ouviu o apito final na goleada contra o Inter (5-0), a 31 de maio.

«Senti o maior alívio que alguma vez senti na vida. A época tinha terminado da melhor forma possível, ninguém nos podia acusar negativamente de nada, e depois era apenas uma questão de aproveitar a ocasião e comemorar com os nossos amigos e família», explicou.

João Neves, 20 anos, foi um dos melhores jogadores do PSG esta época, coroada com a conquista da Liga dos Campeões, em Munique, na final com o Inter
João Neves na final da Champions Foto: IMAGO

Em Paris, João Neves deu um salto qualitativo, mas também quantitativo, comprovado pelos números. Os 13 golos e as 12 assistências registadas desde o verão de 2024 refletem o crescimento do impacto do médio no último terço: «Quero ser capaz de fazer um pouco de tudo. Talvez as pessoas me subestimem por causa do meu tamanho e pelo facto de não ter grande força física, mas o futebol está cada vez mais tático e a inteligência tem talvez o papel mais importante. Se não és fisicamente forte, precisas de ser inteligente»

«Sempre vivi com a frase do meu pai 'o mais difícil não é chegar, é manter'», recordou João Neves. O médio explicou que a presença do progenitor precipitou uma educação moldada por regras e exigência: « O meu pai sendo polícia tinha sempre uma maneira de educar mais rígida. Tinha sempre de estar tudo em ordem, e levei isso para a minha vida adulta. Acho que não estaria onde estou agora se não fosse esta educação rígida. Não teria a perseverança e a resiliência que tenho.»

João Neves contou um episódio elucidativo dos benefícios de uma educação mais rígida para o sucesso que tem acumulado no início da carreira: «Lembro-me de fazermos corridas durante o confinamento provocado pela COVID, quando estávamos a treinar em casa. O plano era fazer 15 segundos a andar e 15 segundos a correr, e o meu pai — sem me dizer nada — fazia-me correr 17 segundos e descansar 13. Não sabia de nada. Estou muito contente por ter realizado os meus sonhos. É tudo graças ao meu suporte familiar.»

A resiliência não é o único cartão de visita de João Neves. O médio luso admite que mantém o mesmo estilo, com a camisola por dentro dos calções e as meias abaixo do joelho, desde os tempos na formação do Benfica por superstição: «Até tenho medo de não o fazer porque, se acontecer alguma coisa de mal, vou usar isso como desculpa. Assim, não me consigo convencer a mudar.»

O mediatismo do caminho trilhado em Paris não impede, ainda assim, João Neves de passar despercebido pela capital francesa. O médio luso admite que o estilo descontraído ajuda a que tal aconteça: «Vou ao café e tento passar despercebido como uma pessoa comum. Sei que duas ou três pessoas me vão reconhecer e pedir para tirar uma fotografia, mas acredito que as outras me vão deixar em paz. Não tenho, por exemplo, o bigode do Vitinha...»