«João Neves? Jogadores da formação olham para o lado e veem outros que custaram 15 milhões de euros...»
- Sendo vice-presidente do futebol do clube, serás depois administrador da SAD em caso de vitória. Que futebol é que defendes para o Benfica?
Serei o máximo responsável pelo futebol, seja o profissional, a formação e o futebol feminino. Juntamente com o presidente, vamos ser as pessoas que vamos decidir a política desportiva do clube e aquilo que queremos para o clube a médio e longo prazo. No futebol feminino queremos criar um departamento específico, com ligação ao departamento de scouting masculino. E depois fazer um investimento maior naquilo que é o futebol de formação feminino. Acreditamos que o Benfica pode ainda trabalhar melhor nesse sentido. Queremos que o futebol feminino possa continuar a evoluir e possa atingir ainda patamares mais altos. Está a fazer-se um excelente trabalho nesse sentido e acho que se pode fazer mais no futebol feminino naquilo que é a projeção europeia. Acho que podemos fazer um esforço maior para reter as melhores jogadoras. Em termos de infraestruturas, apesar de o Benfica ter vindo a melhorar nas condições dadas às nossas jogadoras, nós queremos identificar o melhor local, inclusive, se possível, no Seixal, para que elas possam ter aquilo que nós chamamos um quartel-general com maior dignidade. Queremos unificar aquilo que são as três áreas de intervenção no futebol. Queremos que haja uma maior interligação e que a nossa estrutura seja vertical e que vá desde a equipa A até à formação e que passe pelo futebol feminino. Unificação de processos, uma maior comunicação entre todos os departamentos. O que queremos para a equipa principal do futebol é contratar menos, mas acertar melhor.
- Nessa máxima de contratar menos e acertar melhor, é importante para o vosso Benfica que a formação esteja cada vez mais presente na equipa principal?
Sem dúvida nenhuma que passa muito por uma presença, acima de tudo, real. Não queremos presenças esporádicas e queremos trabalhar no sentido de abrir espaço para que os jovens se possam afirmar. É isso que nós vamos incutir e vamos trabalhar com esse pensamento sempre presente. Queremos vendas e empréstimos inteligentes.
- Como é que vês situações como a saída de João Neves?
É sempre muito difícil falar sem conhecimento de causa. O que acho é que, em relação ao João Neves e em relação a futuros Joões Neves, o que nós queremos fazer é não ser reativos. É poder ter uma gestão mais integrada, dar valor e reconhecer o mérito aos jogadores da formação. Dar-lhes um acompanhamento mais especializado em todas as áreas, não só no campo, mas também fora dele. Há jogadores que chegam à equipa principal, começam a afirmar-se e olham para o lado e veem outros jogadores, também da mesma idade, mas que custaram 10 ou 12 ou 15 milhões de euros, que vieram do estrangeiro e que têm um salário muito desproporcional em relação ao salário que eles têm. Nós vamos querer reconhecer aquilo que é o mérito e a importância desse jogador na equipa. Queremos ter jogadores na equipa principal que saibam o que é o Benfica, que tenham passado pelo processo do Seixal, com essa identidade e mística que nós queremos devolver à equipa. Queremos aproximar a equipa dos adeptos, e isso também se faz com jogadores que sentem o mesmo que os adeptos.