Há dois anos vendia na rua, agora vai partilhar balneário com Messi na Argentina
Lionel Scaloni aproveitou a dupla jornada de duelos particulares de outubro para testar jogadores estranhos ao núcleo duro da seleção argentina, a cerca de oito meses do início do Campeonato do Mundo. Entre as três estreias promovidas pelo selecionador da turma das pampas, sobressai o nome de quem há um ano estes palcos não passavam de uma miragem.
Lautaro Rivero é o protagonista de uma história de resiliência. O poderio físico motivou o interesse do River Plate que o recrutou com 14 anos, em 2018. O percurso ascendente no gigante argentino era trilhado ao mesmo tempo que vendia na rua para sustentar a família, fosse flores, doces ou até cadernos.
«Foi um processo que marcou a minha vida e o meu futuro. Apesar de tudo nunca deixei de treinar. Sabia que em algum momento ia dar certo, mas sabia que se treinasse apenas amanhã não ia consegui-lo», explicou Lautaro Rivero, numa entrevista concedia aos meios de comunicação argentino nos derradeiros meses de 2024, palco temporal de um momento que definiu os 365 dias seguintes.
Após dois anos e meio na equipa de reservas do River e seis meses intermitentes por empréstimo no Central Córdoba a escassos dias de terminar contrato com o clube, assinou o primeiro contrato profissional que espoletou uma ascensão metiórica.
Rivero regressou ao Córdoba em janeiro de 2025 já com créditos firmados por ter feito parte da caminhada do clube até à conquista da Taça Argentina, cuja final foi disputada quando já tinha regressado ao River. Ainda assim, após a vitória histórica do clube da classe média/baixa do futebol argentino, o defesa central de 21 anos publicou uma foto de um turno a vender alfajores, doces tradicionais argentinos, junto a um semáforo, apenas um ano antes.
2025 foi o ano do defesa central que se assumiu como o padrão da modesta equipa que chocou a América do Sul ao vencer o Flamengo por 2-1, no Maracanã, na fase de grupos da Libertadores, a 10 de abril.
O crescimento demonstrado até maio em Córdoba motivou o River a terminar o empréstimo mais cedo do que o previsto para que Rivero integrasse a comitiva que viajou até aos Estados Unidos para disputar o Mundial de Clubes. O jovem central não somou qualquer minuto nessa competição, mas começou a impressionar Marcelo Gallardo.
De regresso à América do Sul, Rivero tornou-se titular indiscutível, renovou contrato até 2028 com uma melhoria salarial significativa e captou a atenção de Lionel Scaloni que o convocou para defrontar Venuzuela e Porto Rico, a 11 e 14 de outubro, respetivamente.
Um ano alucinante catapultou Lautaro para a ribalta, e para uma condição financeira que lhe permite concretizar o objetivo de uma vida: «O que mais quero é que a minha família esteja bem e que possa ter o que merece.»