Há mais de 20 anos, Gonçalo Brandão e José Pedro partilhavam o balneário do Belenenses. Foto: A BOLA
Há mais de 20 anos, Gonçalo Brandão e José Pedro partilhavam o balneário do Belenenses. Foto: A BOLA

«Gonçalo Brandão é um miúdo cinco estrelas, nunca se meteu em bicos de pés»

Zé Pedro garante que primeira contrariedade não abalará o treinador do Casa Pia. E há um viveiro de técnicos no Restelo

Na primeira experiência de Gonçalo Brandão como treinador principal, este já experienciou todos os resultados possíveis: numa estreia que foi de fogo, numa rara primeira partida de arranque contra um adversário com o poderio do Benfica no Estádio da Luz… uma moralizadora igualdade (2-2), seguindo-se um triunfo claro sobre o Alpendorada, pela Taça de Portugal (3-0) e, este sábado, a primeira derrota, com a derrota frente ao Alverca, em Rio Maior (0-2).

Uma contrariedade que, no entender do seu antigo companheiro de equipa e atual selecionador de Timor, Zé Pedro, não será particularmente acusada. Em conversa com A BOLA, o antigo criativo considera que o bom começo de era, com um ponto na Luz à cabeça, traz um lastro que ainda se mantém.

«Ainda mais quando foi no estádio que foi…. independentemente de o Benfica não estar na melhor altura, normalmente desvaloriza-se sempre e a verdade é que temos que valorizar, nesse sentido, o Gonçalo, que assumiu ali pela primeira vez mas pela experiência que ele também tem, o Benfica a poder não estar num momento tão bom, ele foi capaz, com a equipa do Casa Pia e as condições que apresenta, de trazer um bom resultado e fazer uma boa estreia», realçou.

É a chance dele e espero que a agarre da melhor forma possível

Zé Pedro não acredita em sorte, mas sim em «experiência» e na humildade que sempre caracterizou o antigo companheiro de equipa, quando ambos representaram o Belenenses.

«Acho que é principalmente pelo conhecimento do Gonçalo, pelo que era enquanto jogador e a experiência que continua a ter enquanto treinador. Ele é um miúdo cinco estrelas e desde que o conheço nunca se meteu em bicos de pés - é a oportunidade dele e espero que ele a agarre da melhor forma possível», desejou.

«O Gonçalo foi melhor jogador pela experiência angariada nas passagens em que esteve, principalmente quando passou por Itália [representou Siena, Parma e Cesena] e por ter sido defesa. A nível defensivo, isso dá-lhe uma grande bagagem e trouxe isso consigo para fazer este bom resultado contra o Benfica. Agora, apesar do resultado com o Alverca, acredito que continuará num bom caminho», antevê, a torcer pelo seu amigo de longa data.

Mestres Carvalhal e Jesus

Gonçalo Brandão é um dos técnicos que mais recentemente chegaram ao primeiro escalão e que aumenta um curioso filão de treinadores que hoje se encontram espalhados pelo Mundo fora – incluindo contextos de grande exigência - e que partilhou o balneário do Belenenses entre 2003 e 2007, que terá formado um curioso viveiro de técnicos.

O atual treinador dos gansos juntou-se a antigos companheiros como Rúben Amorim, que atualmente orienta o Manchester United, mas também Silas (Farense), Carlos Fernandes (União de Santarém), Vasco Faísca (atualmente sem clube), Tuck (adjunto de Jorge Jesus no Al-Nassr), Romeu Almeida (adjunto da Seleção Nacional sub-21), ou Zé Pedro, atual selecionador de Timor-Leste e que abordou esta curiosidade junto de A BOLA.

«Se calhar não ligávamos tanto ao telemóvel - na altura se calhar nem havia… - e falávamos somente de futebol. Mas foi um bocadinho de tudo, foi-se envolvendo entre nós, todos nos virámos para esta área e se calhar até porque tivemos dois treinadores que nos fizeram reinventar no futebol de outra forma, deram-nos outros indicadores e ainda nos fortaleceram mais a paixão pelo futebol - estou-me a lembrar aqui, desses nomes, apanhámos o Carlos Carvalhal e o Jorge Jesus», recordou.

«O Carvalhal na altura foi o nome que usámos em todos os dias de treino mas depois também apanhámos o Jorge Jesus. Toda a gente já falou sobre ele e o impacto que tem nos seus jogadores, acho que isto e, se calhar um bocadinho da nossa vivência no balneário, é o que podemos trazer ao futebol do presente e do futuro e a verdade é essa, não deixa de ser curioso - dessa altura, falamos aqui de meia dúzia de treinadores que neste momento estão no ativo», realçou, satisfeito pelo percurso de todos.