FC Porto: um muro continental que só o Arsenal consegue bater
É costume dizer-se que as grandes equipas começam a ser construídas a partir da defesa. No caso do FC Porto, essa máxima parece estar a ser seguida ao milímetro por Francesco Farioli. E se, muitas vezes, tal processo de blindagem prolonga-se durante uma época inteira (quando não demora mais), o treinador italiano aparenta ter já sido capaz de erguer um muro de betão em poucos meses no Dragão.
Até ao momento, e ao cabo de 17 desafios, a equipa azul e branca sofreu apenas sete golos. Um registo de relevo a nível interno, mas que também ultrapassa fronteiras. Entre as equipas do 'top-7' dos campeonatos europeus que estão envolvidas nas provas continentais em 2025/26 — seria injusto contabilizar as que só competem a nível interno... —, só uma conseguiu conceder menos tentos (6) do que o líder da Liga: o Arsenal de Mikel Arteta, que, na temporada em curso, parece assumir-se como candidato maior à conquista da Premier League.
Já de atenções viradas para o regresso da Liga Europa, o FC Porto terá o Nice pela frente na quinta-feira, no Estádio do Dragão. O emblema do sul de França atravessa um momento complicado, com quatro derrotas consecutivas, mas os dragões sabem que não podem adormecer, até porque, esta época, já encaixaram mais golos a nível internacional (quatro em outros tantos encontros) do que somatório de Liga e Taça de Portugal (três em 13 partidas). Jogadores como Terem Moffi ou Ali Cho serão setas apontadas à muralha azul e branca, que tentará evitar a aproximação ao AC Milan na contagem de tentos encaixados (ver quadro).
Certo é que, em relação ao embate com o Sintrense, na 4.ª eliminatória da chamada prova-rainha, Farioli vai promover algumas mudanças no setor recuado. A começar, desde logo, pela baliza. Cláudio Ramos, dono das redes nas taças, vai ceder o lugar ao capitão, Diogo Costa, ele que, nos 15 jogos que já disputou na presente campanha, manteve a folha limpa em nove. Mas o retorno do 99 não é a única alteração na forja do técnico portista. É de esperar que Alberto Costa recupere a titularidade no lado direito do quarteto defensivo e que Jakub Kiwior — descansou frente ao Sintrense — reentre no eixo. Resta saber se o polaco terá ao lado o compatriota Bednarek, que ainda recupera de uma mazela no joelho esquerdo (ver página seguinte), ou se Pablo Rosario ou Prpic se mantêm entre as opções iniciais, mediante a resposta dada pelo camisola 5.
É interessante constatar que a defesa do FC Porto tem conseguido manter uma matriz de solidez independentemente das alterações levadas a cabo por Farioli, quer forçadas, quer numa lógica de gestão física dos jogadores. Bednarek e Kiwior são os donos incontestáveis do eixo, ainda mais depois da lesão grave sofrida por Nehuén Pérez em setembro. Mas as alternativas também têm dado garantias: Prpic vai deixando água na boca dos adeptos portistas, não só pela solidez demonstrada, mas também pelos predicados que exibe na saída de bola. Rosario, por sua vez, vai cumprindo na hora de tapar buracos. E, como A BOLA escreveu em tempo oportuno, é muito provável que chegue mais um central em janeiro...