José Boto espera vencer as grandes competições em que o Flamengo está inserido - Foto: D. R.
José Boto - Foto: D. R.

«Em Portugal e no Brasil fica-se uma semana a falar de árbitros»

José Boto em entrevista a A BOLA: «O problema das arbitragens é transversal, mas noutros países discute-se menos. Só falei quando roçou o inacreditável»

No Brasil, fala-se muito de árbitros e a imprensa espalha a ideia de que isso é caso único no mundo. Os adeptos portugueses e, por extensão, José Boto sabem que o problema existe também em Portugal, onde os presidentes dos três grandes não param de emitir notas e comunicados sobre o tema. Afinal, a arbitragem brasileira é tão pior do que a europeia? Ou os problemas são mais ou menos semelhantes em todo o lado?

«O problema das arbitragens é transversal, não é pior no Brasil do que noutros sítios», defende o dirigente. «Mas a meu ver, é um problema cultural, há países onde, quando se discute a arbitragem, não se passa uma semana a falar deste ou daquele erro, e há outros, como Portugal e Brasil, onde isso acontece, no Brasil, pela importância que o futebol tem na vida das pessoas, o tema da arbitragem acaba por adquirir uma dimensão ainda maior», completa.

Mas Boto também entrou na onda... «Sim, eu comecei a falar de arbitragem porque realmente achei que tinha de defender o Flamengo, que estava claramente a ser prejudicado em muitas decisões, não sendo muito do meu perfil entrar por esse campo, houve um determinado momento em que senti que era necessário fazê-lo, porque estava a roçar o inacreditável».

«Jardim é treinador top, respeito muito Abel mas estamos em pólos opostos»

Os três primeiros classificados do Brasileirão têm portugueses em posições chave. Além de José Boto, diretor de futebol do Flamengo, há Leonardo Jardim, treinador há um ano no Cruzeiro, e, claro, Abel Ferreira, acabado de cumprir cinco anos de Palmeiras, período em que o clube paulista se tornou uma espécie de nemésis dos rubro-negros.  

A relação de Boto com Abel, entretanto, é dentro dos limites do respeito entre rivais. «Abel é um treinador inteligente e que utiliza bem a comunicação. Eu defendo o meu clube e ele defende o clube dele e é perfeitamente normal que estejamos em pólos opostos», afirma Boto.   

«Como treinador português, conheço o percurso dele e admiro-o, mas não é alguém com quem tenha hoje ou tenha tido uma relação próxima. Estivemos juntos em algumas preleções, não mais que isso. É alguém que eu respeito muito», disse ainda sobre o treinador do rival do Flamengo, na final da Taça dos Libertadores da América, em Lima, no Peru.  

Com Jardim a relação é mais próxima. «O Leonardo é, na minha opinião, um dos treinadores top em Portugal», diz Boto. «O Brasil tem a sorte de o ter aqui, porque é alguém que vai fazer evoluir também o futebol brasileiro, não sendo próxima, tenho maior relação com ele do que com o Abel, mas ele também defende o Cruzeiro, enquanto eu defendo o Flamengo…»

«No Mundial, Portugal é favorito e o Brasil também o é sempre»
Com o olhar privilegiado de quem conhece bem as duas realidades, José Boto coloca Portugal e Brasil como candidatos a conquistar o Mundial de 2026. «O Brasil é sempre um candidato à Copa do Mundo, pela sua história, pelo seu peso e pelo que significa mas acho que em termos de jogadores, neste momento, Portugal tem uma vantagem em relação ao Brasil”. “Tem no grupo uma quantidade imensa de jogadores a atuar ao mais alto nível nas grandes ligas europeias e em clubes que jogam para ganhar, acho que é uma geração única em termos de talento, de qualidade e de mentalidade, e que muito dificilmente se vai repetir, ou talvez não, porque se trabalha muito bem em Portugal», continua. Para Boto, «Portugal é um dos grandes favoritos à vitória, porque temos um plantel dos mais fortes, a par da França e da Espanha».