FC Porto segue com sete vitórias em sete jogos na Liga. Foto: Catarina Morais/KAPTA+
FC Porto segue com sete vitórias em sete jogos na Liga. Foto: Catarina Morais/KAPTA+

Dragão foi passear à feira e levou três pontos por uma pechincha (crónica)

Domínio absoluto do líder do campeonato, que reduzido a dez aumentou vantagem de 1-0 para 4-0 frente a equipa que não criou qualquer oportunidade

Entre os 87 e os 90 minutos + 3, compensação dada pelo árbitro, parecia que o Arouca procurava o empate num jogo intenso e o FC Porto o segurava com unhas e dentes. O máximo que os donos da casa conseguiram foi, mesmo no final, um remate relativamente perigoso que Diogo Costa, espectador privilegiado do jogo, sacudiu com uma sapatada para canto.

Acontece que a essa hora havia 4-0 no marcador e mesmo assim ainda se viram jogadores azuis e brancos a esvaziarem o tanque do combustível, utilizando a imagem sugerida pela nova coqueluche portista, o treinador Francesco Farioli. Já na compensação, Froholdt fez um sprint vertiginoso para impedir a saída de bola dos arouquenses e arrancou aplausos extasiados à maioria de adeptos portistas. Há uma alma nova neste dragão. Não sabemos se haverá gasolina para encher e esvaziar tanques até maio, mas que a equipa promete, promete. E os apoiantes percebem, atirando aos jogadores o devido feedback pelo suor no relvado.

Quando o regressado Martim Fernandes foi expulso por acumulação de amarelos, logo a abrir a segunda parte, havia apenas 1-0 para o FC Porto (com um golo anulado pelo meio que teria sido o 2-0). Até então o jogo tinha sido de sentido único. Pensou-se que talvez pudesse mudar algo, mas o dragão tinha ido a Arouca visitar, fora de horas, a Feira das Colheitas disposto a resgatar três pontos sem dar grandes hipóteses de regateio a quem os tinha para vender.

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A marcação deste jogo foi rodeada de grande polémica precisamente devido à realização, no último fim de semana, da Feira das Colheitas de Arouca. Ela estava marcada há alguns meses, mas quem nunca se esqueceu, aqui ou ali, de que o Natal calha a 25 de dezembro?... Acontece, e à conta dessa distração lá se encontrou mais um foco de polémica no futebol português.

Alheia a isso, a equipa do FC Porto entrou em campo igual a si própria, ou àquilo que tem sido ela própria esta temporada. Dominadora, presente em todos os espaços relevantes do jogo e a controlá-lo em todos os seus detalhes. Foi sempre mais agressiva sobre a bola, chegou cedo à vantagem fruto de um erro defensivo do adversário e continuou a procurar mais golos para garantir os pontos, não permitindo ao Arouca qualquer aproximação relevante à área de Diogo Costa.

Quando sucedeu a tal expulsão por acumulação de amarelos (já depois de Samu se ter lesionado e ter entrado um ressuscitado Deniz Gul), Farioli reagiu rapidamente, trocando Gabri Veiga por Pablo Rosário para não descurar a defensiva mas sabendo que o recente reforço dominicano lhe dava mais que a simples ocupação do flanco direito. Haveria de terminar o jogo no meio campo.

Perante as duas contrariedades, a resposta azul e branca foi fazer o 2-0 e o 3-0 em pouco mais de dez minutos, em dois lances de enorme classe coletiva, sobretudo o que terminou com o golo de Francisco Moura que resolveu de vez a partida.

O controlo continuou absoluto, os jogadores azuis (desta vez de branco) chegavam sempre antes à bola, como se fossem mais em campo, e o Arouca foi uma sombra do que certamente conseguirá ser. Ainda deu tempo para Zaidu regressar à felicidade e fechar a contagem.

Às vezes, diz a lei da oferta e da procura, visitar as feiras depois da confusão das multidões dá vantagem aos compradores. O FC Porto provou a premissa e acabou por levar para casa três pontos por uma pechincha.