Desvalorização de exibição, Trincão que já estava a 200 por cento e Yeremay: tudo o que disse Rui Borges
— O Arouca é o próximo adversário e tradicionalmente difícil em Alvalade. O que esperar deste jogo?
— É um pouco isso, é uma equipa que nos últimos anos tem-nos causado problemas em casa, pela sua competitividade e pela ideia também do seu jogo. É uma equipa que mantém o seu treinador, com uma ideia muito positiva do jogo, que gosta de ter bola, de ser protagonista ao longo do jogo também, independentemente de com quem joga. Acredito que vai querer dividir o jogo, vai querer mostrar o seu potencial. Estamos numa fase inicial da época também e vem moralizada de uma boa vitória em sua casa. Agora, nós competimos também para dar seguimento àquilo que tem sido o nosso crescimento, à nossa qualidade de jogo também, dar consistência a isso. Esse é o grande desafio, é dar a consistência àquilo que temos conseguido alcançar em termos de níveis físicos, táticos, técnicos. Esse é o grande desafio para nós, é manter essa consistência. Jogo difícil frente a uma boa equipa, no início da época, uma equipa moralizada. Lá está, com uma ideia muito positiva também da parte do seu treinador, na qual valoriza muito o jogo. Acredito acima de tudo que seja um grande jogo.
— Neste início de época já usou o Harder e o Luis Suárez na frente ataque. Teme que Harder desmotive?
— Eles têm de estar preparados, tanto um como o outro, para jogar de início e para não jogar. Faz parte. Compete-me a mim escolher o melhor para aquilo que é a estratégia e o adversário e ver, também, aquilo que podem dar à equipa. Aquilo que falo com o Conrad falo com o Luís igual, pequenos termos, mas também sobre aquilo que é o crescimento de cada um, naquilo que são as suas qualidades, naquilo que cada um, à sua maneira, pode dar à equipa. É um crescimento natural, tanto de um como de outro. Depois, mais à frente, vamos entrar numa fase de jogos de três em três dias. Todos eles vão ser precisos, todos eles têm de estar preparados para jogar e para dar resposta. E a minha conversa, tanto com o Conrad [Harder], como com o Luis [Suárez], como com qualquer outro jogador ao longo da semana, é sempre na perspetiva de ajudar dentro daquilo que nós queremos, no que orientamos para a equipa, para o próximo jogo. São coisas naturais.
— Quer deixar uma mensagem para a sua terra natal, Mirandela, que viveu uma noite de tragédia com o fogo num lar de idosos?
— Deixar aqui um abraço enorme para todas as famílias das pessoas que estavam no lar de Mirandela. É realmente algo muito, muito triste, que infelizmente, às vezes, não controlamos. E deixar aqui um abraço solidário para todos eles, naquilo que o Rui Borges puder ajudar estará sempre pronto para isso. Acho que tanto o Rui Borges, como o Sporting, nesse aspecto; não só também no incêndio de Mirandela, que nesse caso foi muito próprio, mas também a todos os bombeiros, deixar novamente aqui um abraço solidário, porque têm sido uns dias de inferno, digamos, com o que tem acontecido no nosso país. E têm sido uns heróis, são sempre, e mexe connosco. Comigo mexe, pessoalmente, particularmente aquilo que aconteceu em Mirandela, mas também o que tem acontecido ao longo do país, nestes dias. Por isso, um grande abraço para todos, solidário, que é aquilo que posso dar, e aquilo em que pudermos ajudar estaremos também para o fazer.
— Devido às lesões na defesa, o Mangas deverá jogar no lugar do Maxi Araújo e o Debast no de Diomande. O que vai mudar?
— Os princípios são iguais. A equipa sabe aquilo que são os nossos princípios de jogo, aquilo que é a ideia. Depois, cada um que jogar, à sua maneira, pode dar coisas diferentes à equipa, quer seja o Mangas , o Maxi, o Matheus Reis, o Vagiannidis, que também pode fazer a esquerda... Estão cá, estou feliz por os ter aqui e ter essas soluções, e supertranquilo nesse sentido. Por isso é que fechámos o Mangas há pouco tempo, é alguém que eu conheço também. O Debast é central de raiz, o ano passado conseguimos uma adaptação boa e positiva para o sucesso da equipa... É um jogador que em termos técnicos é acima da média. Dá coisas diferentes do Diomande e do Quaresma, que também pode ser a solução. Todos eles, à sua maneira, dão coisas diferentes. O Diomande é mais físico, tem a particularidade mais atlética e física. O Debast, neste caso, dá mais a posse, se calhar mais qualquer coisa na saída de bola. O próprio Quaresma também. O St. Juste, se calhar, já é um bocadinho mais na velocidade. Então, cada um acrescenta. A mim importa-me mesmo é que eles saibam os princípios daquilo que é o coletivo e aquilo que nós queremos para a equipa. E nisso, eles estão todos identificados.
— Consegue blindar os jogadores numa altura em que o mercado está aberto? E sobre Yeremay, já teve algum feedback do presidente sobre o extremo do Corunha?
— Em relação a isso, não vou falar. Lá está, volto a dizer, não é jogador do clube. É um jogador que já estava identificado há algum tempo pelo clube. Pelas nossas observações, é um jogador interessante. Já na época passada, quando chegámos, estava a ser observado. Mas não só ele, outros também. Por isso, não estou muito focado nisso. Estou focado na minha equipa. Em relação ao mercado, é natural. Falamos de uma equipa grande, é natural que se fale dos jogadores. A mim, cabe-me mantê-los tranquilos. Eles sabem, de antemão, aquilo que é a ideia da estrutura, do clube para eventuais saídas. Eles têm cláusulas, mas quem quiser tem que ir com as cláusulas. Estou tranquilo. Olho para eles todos os dias e eles têm dado uma resposta fantástica. E cada vez os sinto melhor, mais ligados. Isso é que é importante. Sinto uma equipa ligada, ambiciosa, cada vez com mais vontade de competir.
— Já falou um bocadinho do Arouca e espera-se uma equipa mais fechada do que o Casa Pia na primeira jornada. Nesse sentido, fará mais sentido jogar o Quenda em detrimento do Geny?
— O Quenda e o Geny são dois jogadores muito, muito parecidos naquilo que dão no um para um. O Geny, em alguns momentos, é mais vertical que o Quenda. Também está numa fase de crescimento crescimento diferente. O Geny está mais maduro. Mas o Quenda tem treinado superbem. Está à espera de uma oportunidade do treinador. Por isso, jogue quem jogar, para mim, deixa-me tranquilo. Custa deixar sempre alguém de fora porque realmente a equipa tem dado uma resposta diária muito boa. E só posso meter onze a jogar. Mas faz parte. E eles percebem e têm de entender, mas daqui a uns dias vão começar, felizmente, os jogos de três em três dias, porque estamos nas competições que queremos. E vai dar lugar a que toda a gente tenha essas oportunidades e que ajudem a equipa acima de tudo. Em relação à dificuldade, eu não olho para as coisas dessa forma. Se é mais complicado? Nós é que descomplicámos frente ao Casa Pia. A equipa é que esteve muito bem e não deixámos o Casa Pia ser a equipa que costuma ser. Não foi ao contrário. Em termos de sociedade, temos sempre a mania de desvalorizar e nunca valorizar; é sempre desvalorizar. Nós é que tivemos a capacidade de anular de alguma forma aquilo que eram as melhores qualidades do adversário. Amanhã o adversário vai ser diferente. E acredito que o Arouca seja diferente — penso que a época passada foi a 6.ª ou 7.ª equipa com mais posse de bola. E temos de estar preparados para o protagonismo que gosta. Também é mais do que seu treinador, pois todas as suas equipas jogam muito bem. E tentam sempre dividir os jogos com uma qualidade de jogo sempre boa. Acredito que seja um bom jogo, dividido. Agora, damos outras coisas, tiramos outras daquilo que foi em relação ao jogo do Casa Pia. Quero e acredito que a equipa seja capaz acima de tudo de ter a mesma energia que teve com o Casa Pia para aí anularmos o adversário.
— Fala-se muito da saída do Diogo Travassos, do Esgaio, do St. Juste e do Matheus Reis. Será mesmo assim? Ontem treinaram em Alvalade, no novo relvado, como o sentiu?
— Em relação aos jogadores, fazem parte da plantel. No que diz respeito ao relvado, pareceu-nos bom. E estou feliz, porque, com algumas mudanças que fizeram, o estádio está mais incrível e demonstra bem aquilo que tem sido o crescimento também do clube em todos os setores, não só a nível desportivo mas também estrutural. Está e vai ficar mais bonito o estádio. Será bom voltar perante os nossos adeptos, acredito que estejam também ansiosos, tal como nós, por voltar ao nosso estádio para assim tornar um ambiente especial. Por isso, acredito que amanhã os adeptos estarão como sempre num estádio que está mais bonito e que representa bem a grandeza do clube.
— Recebeu garantias por parte do presidente que os jogadores nucleares só saem pelos valores das cláusulas de rescisão. Em relação ao Trincão foi anunciado que o Sporting adquiriu o que faltava do passe dele. Acha que depois deste passo ele pode dar ainda mais, ele que já estava a 100 por cento?
— O Trincão, sinceramente, acho que não estava a 100%, estava a 200%. Claro que pode melhorar, como todos, e podem sempre melhorar, mas a resposta que ele tem dado, ao longo do tempo, desde que nós chegámos... e mesmo antes... é um jogador extraordinário. Já disse isso várias vezes, também ao longo da época passada: foi dos jogadores que mais me surpreendeu, é extraordinário. E tem dado essa demonstração. Acredito que para ele também tenha sido importante. Acredito que ele sente aquilo que representa para nós, para o clube, para colegas, para os treinadores, todo o carinho que nutrimos, e toda a admiração que toda a gente tem por ele. E isto vem ajudá-lo a sentir, talvez ainda mais, essa vontade de todos nós de o querermos tê-lo connosco. Ele está supermotivado, superfocado. O Sporting adquiriu na totalidade um grande jogador e acredito que na parte dele, mental, possa mexer com ele naquilo no sentimento de carinho e a admiração que todos nós do clube temos por ele. Em relação às cláusulas, eu sou muito pragmático com isso, foco-me naquilo que controlo, que é o treino. E na época passada vejam a imagem disso, naquela fase em que tínhamos mais de 10 lesionados. É natural que grandes clubes procurem os grandes jogadores, porque temos muitos, mas todos os jogadores estão focados em competir e em ganhar. A resposta diária deles tem sido muito boa.