Dedinhos, camisolinhas, VAR e Benfica 'naive': as críticas e explicações de Mourinho
— Que análise faz ao encontro?
— É um resultado extremamente injusto, uma equipa quis ganhar outra quis empatar. Fomos penalizados por um resultado que é péssimo, contra um adversário que fez um golo fantástico sob o ponto de vista técnico, no único remate à baliza. Mas tenho de olhar para o golo da perspetiva do treinador do Benfica, não se pode sofrer golo ao minuto 90 depois de 45 minutos de boa qualidade, intensidade, de tanta recuperação de bola, esforço tremendo… fizemos tudo para ganhar, não se pode sofrer golos assim, podemos sofrer, mas golo diferente. Tínhamos seis jogadores à frente da linha da bola a ganhar por 1-0, sete jogadores em posição ofensiva e somente três atrás é ‘naive’, é pouca experiência global, pouco entendimeto do jogo. O que fizemos de mal na primeira parte, circular sem objetividade, era o que deveríamos ter feito. Dói o resultado, dói a injustiça do mesmo, dói a forma como sofremos o golo. Com os jogadores que entraram a equipa começou a andar de outra maneira, faz golo… E se se anula um golo por um dedinho ter sido pisado ou uma camisolinha ter sido puxada, não gosto do futebol de hoje. O protagonista do jogo é o senhor que estava na Cidade do Futebol. Chamar o árbitro para ver o que todos vimos e o árbitro não ter a personalidade para não ir na sequência do que o VAR diz. E não somos equipa com presença na área, que pode cruzar, mas fizemos bom golo. Perdemos dois pontos importantes.
— Disse que equipa foi ingénua, há aqui um retrocesso?
— A segunda parte é melhor que a da Vila das Aves, muito melhor, com muito mais qualidade e consistência, 35 minutos verdadeiramente bons. Bola perdida, bola recuperada, intensidade e volume ofensivo. Se dividirmos os 2 jogos em 4 partes, esta segunda parte é a melhor. Uma coisa é acabar com alegria de ganhar, outra é a frustração de perder dois pontos ao minuto 90+1’. Foi frustrante.
— Como se gere uma equipa sem pré-temporada?
— Foi a vontade de ganhar, de ser Benfica, de ir com tudo até ao limite, foi isso que fez esconder limitações de nível físico. Faltava um bocadinho de frescura, mas quis manter a equipa e dar sequência ao primeiro jogo, foram com tudo até ao fim. Jogo não acabou quando fizemos golo, mas se calhar na cabeça deles foi o golo da vitória e não mudaram o chip, segurar.
— Falou da intervenção do VAR, mas é o futebol atual…
— Não sou obrigado a gostar, não gosto deste tipo de golo anulado, para um lado ou para o outro. É o futebol atual, foi chamado ao VAR e decidiu. Honestamente, não acho que seja golo para ser anulado. E um jogador que eventualmente simula falta fora da área ao minuto 5 leva amarelo? Quem deve levar amarelo? Quem simula ou jogadores que levam todo o jogo a retardar? Há critérios. Mas este empate neste caso é derrota, não gosto de ir por aí.
— Equipa tem estofo para ser campeã? Como sentiu os adeptos, atendendo a que não é consensual?
— Não senti, no jogo trabalho, não tenho condições para estar preocupado com isso. Não ser consensual? Fui eu o primeiro a dizê-lo, é muito difícil ser consensual, não me preocupa. Se temos estofo ou não vamos ver no final do campeonato, temos 4 pontos a menos que o FC Porto, mas falta muita coisa.
— Deu 45 minutos de avanço, como costuma dizer-se, qual é a razão?
— Há vários responsáveis, o Rio Ave pela estratégia ao nível emocional, retardando e parando o jogo, mas aí há responsabilidade do árbitro, disse-lhe isso ao intervalo. Por que razão não dá amarelo ao guarda-redes ao minuto 15 ou 20? Se isso acontece o jogo é outro, os árbitros têm responsabilidade como nós na qualidade do jogo, têm de defender o futebol. E depois há responsabilidade nossa, circulámos muito. Pouco jogo interior, pouca velocidade na bola, com uma relva fantástica para atacar depressa. Culpa minha também, pois optei por jogar com esta equipa, mas Lukebakio estava sem condições para jogar muito mais do que aquilo que jogou. Não somos equipa com grandes jogadores de área. Se tivesse acabado com o nosso golo estaria super contente com a segunda parte.