Alex Scott está a brilhar ao serviço do Bournemouth. Foto: Imago
Alex Scott está a brilhar ao serviço do Bournemouth. Foto: Imago - Foto: IMAGO

Da oitava divisão à seleção inglesa: a ascensão meteórica de Alex Scott

Médio do Bournemouth é a grande surpresa na convocatória de Thomas Tuchel

Quando Alex Scott se estreou pelo modesto Guernsey FC, da oitava divisão inglesa, em 2019, diante de pouco mais de cinquenta pessoas e num relvado que dificilmente passaria num teste de qualidade, ninguém imaginava que aquele adolescente tímido se tornaria, seis anos depois, internacional inglês. Talvez só o seu treinador da altura. «Há muito mais para vir deste rapaz», disse. Tinha razão.

Aos 22 anos, Scott é peça importante no Bournemouth, que está brilhar na Premier League, e, agora, a grande surpresa na mais recente convocatória da seleção inglesa. O seu percurso é um dos mais improváveis do futebol moderno — uma história que começa longe das academias de luxo e termina entre os melhores do mundo.

Da ilha para o mundo

Nascido na pequena ilha de Guernsey, localizada no Canal da Mancha, Scott começou cedo na academia do Southampton, viajando todas as semanas do território insular para treinar com os saints. Mas, aos 12 anos, foi dispensado. Tentou a sorte no Bournemouth, ainda em idade de escola, mas sem sucesso.

Decidiu então regressar a casa, voltar a jogar com os amigos e simplesmente desfrutar do futebol. «Queria relaxar em casa com os meus amigos aos fins de semana, porque perdi quase quatro anos e meio sem fazer isso. Recuperar um pouco da minha infância era algo de que eu definitivamente precisava. Ganhar confiança ao voltar e jogar futebol local foi muito importante para mim. Provavelmente foi uma das coisas mais importantes que me levaram aonde estou hoje», recordou, numa entrevista à BBC.

Essa pausa acabou por mudar tudo. Com apenas 16 anos, tornou-se no jogador mais jovem a representar o Guernsey FC, no oitavo escalão do futebol inglês. O técnico Tony Vance não escondeu o entusiasmo: «Andava a pensar todas as noites em como o meter na equipa. É diferente dos outros, tem qualquer coisa especial.»

Scott no Bristol. Foto: IMAGO

No clube da terra natal, destacou-se e começou a atrair atenções. O Bristol City, cujo proprietário residia em Guernsey, acabou por ser o trampolim. Convidou-o para um teste em 2019 e o resto é história: num espaço de uma semana, Scott treinou com os sub-18, com a equipa principal e marcou um hat trick no jogo que selou o contrato.

Em pouco tempo estava a estrear-se no Championship, ainda menor de idade. Jogava em várias posições do meio-campo e destacava-se pela forma como conduzia a bola com naturalidade, meias em baixo e cabeça levantada — o suficiente para lhe valer o apelido de «Guernsey Grealish», em alusão a Jack Grealish.

No final da época 2022/23, foi eleito jogador jovem do ano do Championship, integrou o onze ideal da liga e foi o melhor jogador do Bristol City. Tudo isso antes de completar 20 anos.

O salto

No verão de 2023, o Bournemouth pagou 28 milhões de euros para o contratar, mas a estreia na Premier League foi adiada por uma lesão no joelho, sofrida na pré-época, tendo de esperar até outubro para fazer a estreia na Premier League. A segunda época — 2024/25 — foi igualmente perturbada, desta vez por uma operação ao joelho que o deixou fora de ação por quase quatro meses. Quando finalmente recuperou, nova paragem: uma fratura no maxilar.

Scott na seleção sub-21. Foto: IMAGO

Mas não desistiu. Voltou a tempo de jogar o Europeu de Sub-21, onde ajudou a Inglaterra a conquistar o título, e terminou o torneio como uma das figuras. Desde então, tem sido titular regular no Bournemouth, contribuindo para um arranque de época notável da equipa, que ocupa o quinto lugar da Premier League.

Agora, chegou o prémio maior: a primeira convocatória para a seleção principal de Inglaterra. «Jogar pela seleção seria um dos momentos de maior orgulho da minha vida», afirmou, no início desta temporada. «Tenho de continuar a progredir como futebolista, continuar a gostar de futebol, melhorar a cada dia e, com sorte, impressionar o selecionador de Inglaterra e ter a minha oportunidade.»

O momento chegou.