Cristiano Ronaldo de verde e branco
Cristiano Ronaldo é o maior futebolista da História de Portugal. Não houvesse outros argumentos, bastaria dizer que é o melhor marcador de sempre do maior clube de futebol do planeta. Golos que lhe trouxeram fama, golos que lhe trouxeram milhões, milhões que lhe trouxeram uma vida absolutamente distante daquela que viveu, ainda menino na Madeira, milhões que, hoje, lhe permitem dizer que nem sabe quantos carros tem.
Há várias maneiras de se olhar para Ronaldo. Os que o adoram, como um dos melhores futebolistas de todos os tempos, como um ídolo só deles e com o qual se tem uma ligação emocional forte; os que o veem, no caso dos portugueses, como o maior orgulho de uma nação. Como exemplo de determinação, persistência e ambição. Os que o criticam. Que a ambição o cega em busca de recordes, que é um tipo narcisista, que em cada comparação se diz melhor que o outro, que acha que tem de mandar mais que o treinador. Enfim, que Ronaldo é um tipo que ‘pica’ irlandeses porque se alimenta disso para competir, que Ronaldo ‘pica’ irlandeses, mas na hora de uma expulsão culpa-os pelo ambiente criado…
Seja como for, com todas as virtudes e defeitos, Cristiano Ronaldo é reconhecidamente um símbolo de Portugal, um papel que vai muito para além de ser capitão da Seleção. Teria de ser por aí, com passaporte português, que Cristiano Ronaldo devia ter entrado na Casa Branca e não como «ativo» de outro país, de outro futebol, já para não falar da presença proporcionada entre um tipo de regime(s) e um tipo de presidente.
Ao ter-se Ronaldo ao lado de um presidente norte-americano por colagem a uma comitiva saudita faz pensar que perdemos todos. O futebol português, a seleção, o país. Os portugueses não esperariam 'ver Ronaldo de verde e branco saudita', como ‘patrocinador’ da causa daquele país. «Digo-lhes que sou um deles», afirmou há pouco mais de uma semana, numa aproximação ao país em que joga e lhe paga pelos serviços ali prestados.
Poderá ter falhado a diplomacia portuguesa para garantir que não sucedia, mas Ronaldo também se pôs à disposição. O Mundial de 2034 será na Arábia Saudita, o de 2026 nos EUA. Portugal pode defrontar os sauditas e, pelo andar da carruagem, Ronaldo, o futebolista que fará História com seis mundiais, se lhes marcar um golo talvez não festeje. Ou talvez evite isso e peça para ir para o banco…
Haverá, já agora, quem também agradeça que Ronaldo encontre Trump sem qualquer adereço português, mas isso tem mais a ver com o sr. Donald do que com a importância do cargo que ele ocupa.