Conceição abre o coração: «Quem tem mãe é rico e não sabe...»

Técnico português deu uma entrevista na qual partilhou detalhes da sua infância, antes de jogar mais uma final pelo Milan, e emocionou-se a falar dos pais

Para celebrar o dia da mãe, no último domingo (4 de maio), os jogadores do Milan vão jogar esta sexta-feira diante do Bolonha com os nomes das suas respetivas mães atrás na camisola, tal como aconteceu no passado, e Sérgio Conceição aproveitou o momento para dar uma entrevista diferente, não focada no futebol.

O técnico português abriu o coração em conversa à Milan TV e falou sobre a sua infância. «Sou um dos 8 filhos que ela teve, e todos nós tínhamos um amor inexplicável. Não se pode pôr em palavras o que eu e os meus irmãos sentimos. Crescemos com muitas dificuldades. O pai era o único que trabalhava, a mãe tomava conta das crianças. Ela também trabalhava muito, muito, com muito amor e carinho. Era o meu ponto de referência. Perguntam-me quais foram os momentos mais felizes da minha vida, porque eu acho que a felicidade contínua não existe. Há momentos em que algumas pessoas são mais felizes do que outras, mas mesmo nesses momentos há sempre um lado ligeiramente negro em mim, não estou totalmente feliz, porque sinto muito a falta dela. E ainda hoje é assim», começou por dizer, enumerando as dificuldades que enfrentou enquanto criança.

«Esta viagem que tive a nível familiar, tive esta força... Quando tinha 4 anos perdi um irmão que tinha 12. Depois, o meu pai morreu quando eu tinha 15, quase 16 anos, e a minha mãe já tinha tido um AVC e ficou paralisada do lado esquerdo e não era uma pessoa independente. E no fim, eu, pequenino, porque os meus irmãos são mais velhos do que eu, tinha de fazer tudo pela minha mãe: ajudá-la em tudo, a tomar banho, a comer. Foram anos em que experimentei um amor maior, uma ligação que não consigo explicar por palavras o que significa. Em termos de dinheiro, não tínhamos nenhum, mas mesmo assim tínhamos um amor tão grande. Lembro-me sempre de uma frase: 'Quem tem mãe é rico e não sabe', e é verdade», atirou.

«A minha mãe nunca me repreendeu. O meu pai era duro, era duro, era difícil. A minha mãe era a típica mãe que protege os filhos, tinha sempre uma palavra simpática para dizer. A pessoa mais importante, mesmo que eu não queira esquecer a minha mulher, senão ela zanga-se [risos]. No entanto, houve momentos, até aos 18 anos, em que a perdi, muito, muito, muito felizes, difíceis mas cheios de amor, um amor tão grande... É verdade, mas é difícil transmitir o que sinto, o que sinto todos os dias. No fim, há o hábito da dor que tenho agora, mas a dor está sempre presente. Estou habituado a esta dor e consigo viver e seguir em frente», explicou, afirmando que, quando ganha, pensa nos seus pais.

«Quando ganho, as minhas primeiras palavras são sempre para eles, para o que me deram, para o que me ensinaram mesmo sem falar. Transmitiram-me valores importantes que são a base do meu carácter e da minha personalidade. Quero ser bem sucedido por eles. Um desejo a todas as mães e mulheres deste mundo: é graças a elas que o mundo vai para a frente. Espero que aqueles que têm a sorte de ter a riqueza de ter, neste caso a mãe, aproveitem para dizer eu amo-te», finalizou.

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