Frederico Varandas discursa durante os Prémios Stromp -  Foto: Miguel Nunes
Frederico Varandas discursa durante os Prémios Stromp - Foto: Miguel Nunes

O que ainda falta a Varandas

Presidente do Sporting anunciou recandidatura, o que não surpreendeu ninguém; Varandas alcançou várias coisas, mas tem outras por fazer pois projeto está inacabado

Frederico Varandas fez o anúncio mais óbvio: é recandidato à presidência do Sporting. Num tempo em que o futebol português vive momentos de grandes decisões, por entre a indignação permanente, o leão vive num ciclo inacabado e é logo por isso que Frederico Varandas deve, ou tem, de recandidatar-se.

Goste-se ou não do estilo, as duas gestões de Varandas deixaram marcas estruturais. O Sporting está, desde já, a disputar um campeonato e ainda que a vantagem do FC Porto se mantenha boa após a vitória sobre o Estrela, os leões estão perfeitamente na luta por um terceiro título de campeão consecutivo: têm oportunidade única e é nela que todo o mundo leonino deve estar focado. Há, ainda, obra financeira, a obra no estádio e uma estabilidade presente.

O Sporting passou décadas a confundir ambição com sobressalto, projeto com improviso. Apesar dos erros, decisões discutíveis e apostas falhadas, Varandas devolveu ao clube os títulos no futebol e algo que parecia perdido: estratégia.

Dir-se-á que Frederico Varandas deve muito ao que Ruben Amorim trouxe ao clube. É indiscutível que o antigo treinador mudou a cultura em Alvalade. É justo colar Amorim ao sucesso de Varandas, na mesma medida que o de Luís Filipe Vieira, no rival Benfica, anda lado a lado com o nome de Jorge Jesus. O que seriam as suas gestões futebolísticas sem um ou outro?

É neste pós-Amorim que o leão está. Rui Borges foi campeão com pontos amealhados pelo homem que foi para o ManUtd e só a partir de agora o mérito, do técnico e de Varandas, serão totalmente deles, se o Sporting chegar ao tri.

Como qualquer presidente de clube por cá, Varandas teve os seus momentos para agradar a adeptos, mas sobretudo governou para decidir: a relação com os rivais, ganhando peso externo, a relação com as claques, na gestão interna.

Olhando para a frente, o próximo mandato será decisivo para afirmar a presença regular do Sporting na Liga dos Campeões, para capitalizar desportivamente uma formação que viu a equipa B subir à e liderar a II Liga, para definir a questão dos direitos TV e para preparar, com tempo, uma sucessão que não devolva o clube ao ponto zero.

Varandas deverá, já agora, aceitar com naturalidade se lhe surgir algum adversário pela frente, como em 2022. A inexistência de concorrentes seria sempre um mau sinal democrático, porque nunca há apenas um modelo e um estilo para se liderar um clube e uma SAD de futebol.