A festa do FC Porto em Alverca fez-se três vezes - Foto: LUSA/António Pedro Santos
A festa do FC Porto em Alverca fez-se três vezes - Foto: LUSA/António Pedro Santos

Com competência e arte este dragão é imparável (crónica)

A exibição esteve longe de ser cintilante, mas, mesmo quando é apenas q.b., é mais do que suficiente para que o FC Porto imponha o seu domínio. Depois, é ver e rever muitas vezes o 3-0, um golaço de Borja Sainz

A exibição esteve longe de ser cintilante (aliás, há muito que as prestações do FC Porto não têm aquele brilho da fase inicial da época), mas ficou uma vez mais a evidência de que, com elevados níveis de competência e, desta vez, também com uma belíssima obra de arte (que golaço, para ver e rever muitas vezes, de Borja Sainz a fechar as contas no 3-0), não há quem consiga travar este dragão de Farioli, dono de impressionante série só com vitórias como visitante, que, para a Liga, só perdeu pontos na Luz (1-1) e que já sabe que passará para 2026 no topo da classificação.

O FC Porto não será a equipa mais espetacular da nossa liga, mas é claramente a mais forte, sendo , de longe, a mais sólida a defender e uma das mais talentosas a atacar. Depois de um período em que as exibições pareciam empobrecer a cada jogo que passava, o último duelo dos azuis e brancos antes do Natal demonstrou uma equipa que sabe vestir diferentes fatos durante o mesmo encontro e que, acima de tudo, faz valer o estatuto de líder.

É por isso natural que, em Alverca, onde mora uma equipa atrevida, consistente a defender e com valores interessantes em formação, a entrada do FC Porto tenha sido a todo o gás e logo com dois lances de perigo: primeiro Mora, por cima (2’), depois Martim Fernandes com remate forte e enquadrado, para defesa segura de André Gomes (3’).

Estava lançado um belo mote que, porém, não teve continuidade nos 20 minutos seguintes, com muita luta a meio-campo num relvado que, a cada segundo que passava, se deteriotava cada vez mais, tornando-se mole e pastoso, dificultando, portanto, a missão aos jogadores – de uma e de outra equipa, sublinhe-se. O jogo, que prometia, arriscava perder rapidamente qualidade.

Até que, aos 26', se viu pela primeira vez Borja Sainz, a atirar a contar, mas… não contou: estava fora de jogo o espanhol, por poucos centímetros, mas estava.

Ora, não contou aos 26’, contou aos 29’, quando o mesmo Borja Sainz atirou de cabeça para o fundo das redes, num lance em que os holofotes e o fogo de artifício (outro momento de arte) vão inteiramente para Rodrigo Mora que, servido por Samu, protagonizou um belíssimo cruzamento, uma delícia para quem adora futebol.

Um golo que... despertou os ribatejanos e que, com isso, proporcionou o momento Diogo Costa, no dia em que celebrou 150 jogos na Liga: duas defesas de elevado nível a negar o golo a Marezi, primeiro, e a Nabil Touaizi , depois. Ficava o aviso ao FC Porto de que teria de fazer algo mais, daí para a frente, se quisesse assegurar a vitória.

Chegava o intervalo e chegava, também, a primeira alteração no FC Porto, com a saída de Alberto Costa (ainda a recuperar de virose e, por isso, limitado) e a entrada de Francisco Moura, que ocupou a lateral-esquerda, empurrando Martim Fernandes para a direita.

Chegava também... Samu, algo desaparecido na primeira parte, enfim a mostrar-se na madrugada da segunda, aos 47', com um remate cruzado a obrigar André Gomes a defesa apertada!

Era a demonstração da vontade do FC Porto de fazer o tal algo mais para alargar a vantagem. E se houve mais Samu, houve, também, mais Pepê e Alan Varela, os protagonistas do 2-0 para os dragões, o primeiro com remate para defesa de André Gomes, o segundo com o tiro, na recarga, para o fundo das redes. Decorria o minuto 57’, o dragão cumpria a meta a que apontara no arranque da metade final, suspirava e passava a respirar um pouco melhor.

Até que, já depois de William Gomes, que entrara aos 59', ter atirado à barra (66'), chegava o momento alto da noite, o golaço de Borja Sainz, um arco do outro mundo, de primeira, espetacular, soberbo! Que momento mágico do espanhol a deixar André Gomes sem reação! Fantástico! 3-0!

Estava feito. O Alverca, algo conformado, ainda ia dando um ar da sua graça, mas sem resultados, como se viu num disparo rasteiro cheio de intenção de Lincoln, a obrigar Diogo Costa a nova enorme defesa (71’).

O jogo corria para o seu final e, da bancada, chegava uma coreografia de luzes e um cântico, habitual nesta fase do Campeonato entre os adeptos da equipa que vai na frente: «A todos um bom Natal! A todos um bom Natal!»