Cassiano: «O Casa Pia já é a minha casa»
Faz hoje um ano que Cassiano regressou ao futebol luso, pela porta de Pina Manique, para assinar a melhor temporada da carreira em Portugal a nível de golos. O ponta de lança brasileiro de 36 anos espera superar o registo dos gansos na época passada e atesta que os grandes do futebol luso estão mais fortes esta temporada.
- O Cassiano cumpre hoje um ano como jogador do Casa Pia. Como classifica esta etapa até agora?
Acho que tudo acabou por correr muito bem logo de início e adaptei-me rápido ao estilo de jogo da equipa, ao clube e às pessoas, isso também me deixou muito à vontade aqui. É um clube que já é minha casa, sinto-me em casa e pretendo permanecer aqui por um bom tempo ainda, o grupo recebeu-me muito bem e acredito que a forma como eles trabalham seja de acordo com a qual eu trabalho também.
- Após a boa época realizada em 24/25 e já a competir em 25/26 época, considera existir margem para fazer ainda melhor que na última temporada [9.º lugar da Liga]?
Pensamos jogo a jogo, mas é claro que estamos mais ambiciosos pois sabemos da qualidade do nosso grupo. Os jogadores que estão a chegar também são de muita qualidade e então é claro que esperamos sempre estar cada vez melhor, mas sabemos que o nosso trabalho é jogo a jogo e a cada jogo que passa temos pensamento e foco para que as coisas corram bem.
- À quarta jornada da Liga, o Casa Pia já defrontou dois dos três grandes, Sporting e FC Porto. Como compara esses dois jogos?
Acho que no jogo com o Sporting ainda conseguimos tentar fazer alguma coisa, brigar com eles. O resultado foi de 2-0, eles tiveram superioridade mas tentámos sair para o jogo, fazer pressão e ainda era o primeiro jogo da época, em nossa casa, e entrámos com vontade de fazer as coisas acontecerem.
Com o FC Porto, também pela maneira que eles jogam, esperámos um pouco mais e isso acabou a atrapalhar-nos um pouco. Tiveram praticamente o controlo total do jogo na primeira parte e na segunda parte ainda conseguimos sair e tentar fazer golos. Foram dois jogos atípicos que sabemos que seriam difíceis e agora há que trabalhar para vencer os jogos do nosso campeonato.
-É dos jogadores do Casa Pia que tem mais idade que o próprio treinador - João Pereira tem 33 e o Cassiano tem 36. Encara essa situação com naturalidade? A liderança do mister não tem que ver com idade?
Não. Encaramos isso com muito respeito - eu tenho 36, mas brincamos e dizemos que nem parece, porque não me sinto um jogador mais velho, dou-me bem com os mais novos e consigo fazê-lo com os mais velhos também. Há essa hierarquia, ele é que manda, então não há essa questão da idade, sabemos o lugar de cada um e o respeito que temos um pelo outro.
-No decurso da sua carreira, representou uma grande quantidade de clubes e, por isso, muitos treinadores. Coloca João Pereira entre os melhores treinadores que teve?
Com certeza, ele ajudou-me muito aqui. Esta foi a minha melhor época na Liga ao nível dos golos marcados [dez golos apontados] e foi com ele. É um treinador que me ajudou muito e que também vai estar para sempre na memória da minha carreira por tudo o que conquistámos na época passada, ajudou-me muito não só como jogador mas como ser humano também. É uma pessoa que conversa comigo, conversamos muito e, por isso, ele para mim está realmente no top.
«Este ano os grandes estão realmente mais fortes»
O arranque da Liga proporcionou um calendário difícil para o Casa Pia, que já defrontou dois dos três grandes – o Sporting, logo na primeira jornada, e o FC Porto na terceira, o que já permitiu a Cassiano retirar uma constatação: «este ano os grandes estão realmente mais fortes», afirma.
«Isso já deu para se notar, tanto com o Sporting como com o FC Porto e também o Benfica, eles estão melhores este ano. Então, acredito que foram dois jogos muito complicados para nós e acho que o jogo com o FC Porto ainda foi mais difícil para nós do que o do Sporting por ser na casa deles e também se reforçou muito bem», analisou o experiente ponta de lança.
«Devo muito ao Álvaro Pacheco, foi o treinador que me deu o clique»
-Outro dos treinadores marcantes que teve em Portugal, Álvaro Pacheco, classifica o Cassiano como um guerreiro, que deixa tudo em campo. Concorda com esta ideia?
Acredito que sim, é um estilo de jogo que me adaptei a ter; eu não era assim e a partir do momento que entendi o que tinha de fazer no campo as coisas começaram a melhorar na minha carreira e isso eu devo muito ao Álvaro Pacheco. Quando cheguei no Vizela, na Liga 2, vinha do Boavista e não tinha feito uma época muito boa e o Álvaro tem muito disso, de querer guerrear dentro de campo, é algo que ele tem na vida dele e ele tenta passá-lo para os jogadores.
-Foi esse perfil que lhe permitiu alcançar a melhor época da carreira na Liga portuguesa, aos 36 anos?
Foi fundamental eu ter essa mudança de estilo de jogo. A partir do momento em que comecei a entender o que ele queria e o que precisava para a minha carreira, foi onde as coisas começaram a correr bem para mim, na vida e na carreira também. Foi quando fui o melhor marcador da Liga 2 juntamente com isso conseguimos subir o Vizela à primeira Liga e depois, já na Liga, também fui um dos melhores marcadores da equipa e depois disso as coisas foram acontecendo também.
Quando fui para o Estoril, na minha segunda época, também fui o goleador da equipa na temporada, tal como aqui na época passada. Então devo muito ao Álvaro por isso, porque foi o treinador que me deu o clique.
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