Belenenses, clube grande, grande clube

A quinta subida de divisão consecutiva do CF ‘Os Belenenses’ encerra uma lição sobre a importância da identidade e da história

N A história do futebol, apenas oito clubes lograram cinco subidas de Divisão consecutivas. O Belenenses é um deles, e aquele que progrediu até ao nível mais elevado, faltando-lhe apenas uma etapa para regressar ao seu habitat natural, a I Liga.

Falar do caminho das pedras percorrido com sucesso pelos herdeiros dos Rapazes da Praia, é também refletir sobre o futebol português, que através de alçapões legais permitiu que entidades sem alma, sem passado, sem raízes, sem adeptos e, por tudo isso, sem futuro, fizessem da sua característica híbrida uma forma de sobrevivência, alimentando-se do corpo  de hospedeiros ocasionais. Mas adiante, hoje importa falar do ato de coragem da direção de Patrick Morais de Carvalho, à primeira vista de improvável sucesso, mas sempre apoiado por sócios e adeptos, que nunca deixaram de acreditar, quando decidiu refundar o futebol do clube fundado em 1919. E tudo isto foi feito sem favores fosse de quem fosse, muito menos facilidades administrativas que inclusivamente teriam fundamento. Não, o Clube de Futebol ‘Os Belenenses’, um dos cinco campeões nacionais do futebol português, recomeçou do escalão mais baixo que havia, a III Divisão da AF Lisboa, e a partir daí foi sempre a subir a pulso, com meios exíguos que acabaram por ser compensados pela força social de uma agremiação centenária, mola propulsora do milagre de Belém, que acabamos de testemunhar. Em setembro do ano passado, Patrick Morais de Carvalho esteve na Quinta da Bola com a espinhosa missão de preparar os sócios do Belenenses para a quase impossibilidade de subir em 2022/2023 à II Liga, tal era a desproporção do orçamento dos azuis face a outros concorrentes. Agora, concretizado o sonho do regresso às competições profissionais, haverá outras questões a debater no seio da família azul, nomeadamente a forma de organização do futebol do clube, sendo óbvio, porque gato escaldado de água fria tem medo, que a maioria do capital nunca mais será perdida. Ao contrário de outros, que andam de mala às costas, de poiso em poiso, o futuro do Belenenses está garantido, porque se alicerça na força do passado. Quem pensa que o futebol é apenas um negócio, está redondamente enganado. E se mesmo assim ainda houver quem tenha dúvidas, que ponha os olhos no Belenenses...  
 

ÁS – RAFA 

O jogador do Benfica, que fez uma travessia do deserto no que respeita a boas exibições,  regressou ao rendimento habitual na altura em que as águias mais precisavam do seu talento, assinando, após passe magistral de Neres, o golo solitário do triunfo sobre o SC Braga. Se foi, ou não, o golo do título, o futuro o dirá...
 

ÁS – JOÃO ALMEIDA

Apesar de defrontar uma concorrência fortíssima no Giro deste ano (Evenepoel, Roglic, Geoghan Hart...) o ciclista de A dos Francos teve um arranque promissor, que faz sonhar com uma prestação que lhe dê o primeiro pódio numa grande volta. A procissão ainda está a sair do adro mas as sensações são, para já, boas.
 

REI – ARTUR JORGE

Pese a derrota (justa) na Luz, separam o SC Braga da pré-eliminatória da Champions duas vitórias nos três jogos que lhe faltam. Sendo que os arsenalistas recebem Santa Clara e Paços, só uma hecatombe evitará que a mais uma ida ao Jamor para a festa da Taça se junte uma presença no pódio da Liga de 2022/23.