Antiga estrela diz: «O ténis é um desporto para ricos, é muito caro»
Antigo número três do mundo e vencedor do US Open em 2020, abordou os esforços financeiros que uma família tem de fazer no período em que um adolescente tenta construir uma carreira como tenista profissional.
O antigo tenista arrecadou cerca de 26 milhões de euros só em prémios monetários ao longo da carreira, na qual alcançou feitos notáveis: além do título no US Open, chegou à final do Open da Austrália e de Roland Garros. No entanto, o austríaco alerta que os investimentos durante a adolescência são consideráveis, sendo muitas vezes necessário recorrer a empréstimos ou a acordos com certos patrocinadores.
«O ténis é um desporto para ricos, porque o treino é muito caro. Dos 13 aos 18 anos, ou até ao ponto em que o jovem começa a ganhar dinheiro, é preciso pagar quase um milhão de euros, o que é uma quantia incrível que, na prática, ninguém pode pagar», afirmou, no podcast Jot Down Sport.
«É um acordo bastante comum: alguém investe 50 ou 100 mil euros euros por ano em ti e, em troca, recebe uma percentagem dos teus futuros ganhos, com um limite máximo para uma determinada quantia. Eu também o fiz quando tinha 15 ou 16 anos: recebi 80 mil euros euros por ano e paguei-os de volta a partir dos 21 anos, quando comecei a ganhar muito mais», revelou.
Além disso, Thiem explicou que uma parte significativa dos valores ganhos em prémios monetários não chega aos atletas, uma vez que são utilizados para diversas taxas ou custos inerentes a uma carreira profissional.
«No circuito, os valores publicados parecem enormes, mas de um cheque de, digamos, 65 mil libras [cerca de 75 mil euros] em Wimbledon, perdem-se facilmente 60 por cento: primeiro, os impostos no país onde se joga, depois no teu país, mais o custo dos treinadores, fisioterapeutas, viagens e equipamento. Mesmo para os patrocinadores, é preciso pagar impostos com base nos dias passados em países como o Reino Unido ou os Estados Unidos da América, porque a tua imagem aparece na televisão com o equipamento ou o logótipo deles», disse o antigo tenista de 32 anos.
Thiem retirou-se do ténis em 2024 e envolveu-se no desporto juvenil: procura agora ajudar os adolescentes a prosseguir as suas carreiras no ténis.
«Mesmo que ajudemos os pais e encontremos patrocinadores, ainda é muito caro. Aos 15 ou 16 anos, começas a jogar em Grand Slams juniores e viajas 30-35 semanas por ano, quase como um profissional, mas sem prémios monetários, por isso só gastas.
«Precisas de apoio financeiro, aconteça o que acontecer. Na nossa academia, tentamos ajudar as famílias com menos recursos para que, se uma criança for talentosa, possa treinar e seguir o seu sonho», concluiu Thiem.