A importância da coesão do balneário
Amenos de um mês da estreia da era Roberto Martínez na Seleção Nacional (Liechtenstein, Alvalade, 23 de março, no primeiro jogo de apuramento para o Euro 2024), espera-se, sobretudo, do novo selecionador, mais uma evolução na continuidade, face às escolhas habituais de Fernando Santos, do que uma revolução. Por exemplo, Cristiano Ronaldo está a aproveitar o início da aventura saudita para recuperar confiança e reconciliar-se com o golo, o que não deixa de ser uma boa notícia; e Pepe, agora quarentão, continua a dar razões para que não seja para já a transição geracional que inevitavelmente acontecerá. Outros casos, como os de João Palhinha, a realizar uma época soberba no Fulham, Pedro Gonçalves, finalmente devolvido aos terrenos onde melhor expressa a sua utilidade, ou Jota, poderão ser indicadores de alguns sinais de diferença que Martínez queira dar. A ver vamos...
Porém, mais do que esta ou aquela escolha, o sucesso do ex-selecionador da Bélgica dependerá da capacidade que tiver de criar um grupo coeso e solidário, o que numa equipa que se junta de vez em quando para fazer uns jogos, nem sempre é fácil de conseguir.
VEJA-SE, por exemplo, esse verdadeiro caso de estudo para o futebol que foi a guerra aberta entre Eric Ten Hag e Cristiano Ronaldo, no Manchester United. O astro português, figura da história dos red devils, não cabia no futebol que o técnico holandês queria implementar e este não descansou enquanto não viu CR7 pelas costas, armadilhando-lhe o caminho e criando todas as condições para que o português batesse com a porta. Foi feio, muitas vezes rasteiro, até, mas há que reconhecer que as atuais capacidades de Cristiano Ronaldo, essencialmente no que respeita à pressão alta, não se coadunavam com aquilo que hoje vemos o Manchester United fazer. Embora Ten Hag tenha escolhido uma rota de colisão elaborada na base da provocação, a verdade é que, no fim do dia, nem CR7 iria ser capaz de dar aquilo que o treinador queria, nem este tinha condições para mantê-lo no banco. E essa guerra, que começou por ser muda, mas que acabou a ser ouvida, alto e bom som, em todo o planeta, minou e dividiu o balneário do United. Ninguém terá dúvidas de que os red devils estão agora mais fortes e coesos; nem de que CR7 é mais feliz onde está.
ÁS – JOTA
Aos 23 anos, o antigo campeão da Europa de sub-17 e sub-18, que o Benfica deixou sair por tuta e meia, tem afirmado o seu talento no Celtic, onde depois de ter sido campeão em 21/22, levantou ontem, pela segunda vez, a Taça da Liga, após vitória sobre o Rangers. Mais um que bate à porta da casa onde mora Roberto Martinez.
DUQUE – TIQUINHO SOARES
O avançado do Botafogo, treinado por Luís Castro, que marcou presença significativa no nosso futebol (211 jogos, 89 golos), ao serviço de Nacional, V. Guimarães e FC Porto, perdeu a cabeça e agrediu o árbitro no mais recente Fla-Fogão. Estragou a época, e criou um problema a quem acreditou nele…
DUQUE – PAULO GONÇALVES
Embora esteja a caminho um recurso para a Relação, a verdade é que o antigo assessor do Benfica foi condenado, no Tribunal de primeira instância, por corrupção que, não envolvendo os encarnados, aconteceu quando trabalhava na Luz. Os danos reputacionais para o Benfica são evidentes e irreversíveis.