Van der Poel cada vez mais longe de Van Aert
O neerlandês venceu a nona corrida em nove esta temporada de ciclocrosse e a reedição de duelos épicos com o arquirrival belga nesta disciplina do ciclismo é cada vez mais uma miragem
A esperança de que a diferença abissal entre as duas grandes estrelas do ciclocrosse mundial, Mathieu van der Poel e Wout van Aert, diminuiria com o decurso da temporada está a desvanecer, e assiste-se ao oposto.
O neerlandês da Alpecin-Deceuninck está ainda mais hegemónico do que nas primeiras corridas entre ambos esta época e o belga da Visma-Lease a Bike cada vez menos capaz de encurtar distâncias, não se antevendo nenhum dos apaixonantes e tão ansiados duelos.
Depois de ter vencido a mais recente ronda do Troféu X2O, em Baal, na Bélgica, no dia de janeiro, com 1.55 minutos de vantagem sobre o arquirrival, Van der Poel impôs-se por 1.43m esta quinta-feira, em prova da mesma competição disputada em Koksijde, naquele país.
E se Van Aert tinha sido segundo classificado há três dias, agora não foi além do degrau mais baixo do pódio, após ter sido superado por outro neerlandês, Pim Ronhaar (Baloise-Trek Lions).
Imperturbável no circuito arenoso de Koksijde, onde se correu a 5.ª ronda do Troféu X2O, Mathieu van der Poel fez mais uma cavalgada solitária para a vitória, a sua nona em nove provas esta temporada. Instalado no controlo da corrida ainda estava percorrida apenas meia volta ao circuito belga, a estrela da equipa Alpecin-Deceuninck impôs-se com autoridade aos rivais, apesar da resistência durante o primeiro quarto de hora do seu jovem compatriota Pim Ronhaar (Baloise-Trek Lions), que foi o melhor dos ‘outros’ esta quinta-feira.
Em segundo lugar, o vencedor de duas provas da Taça do Mundo esta temporada (Termonde e Dublin), concedeu 1.20 minutos a Van der Poel, que mais uma vez geriu a seu bel-prazer a corrida.
Na sua penúltima prova de ciclocrosse da temporada, Van Aert – resta-lhe a Taça do Mundial de Benidorm (21 de janeiro) – limitou-se a lutar pelo pódio, ultrapassando Lars van der Haar (Baloise-Trek Lions) e Gianni Vermeersch (Alpecin-Deceuninck), e apenas ameaçando, na fase final, o segundo lugar de Pim Ronhaar. Sem êxito.
Quarto em Koksijde, Van der Haar reforça a liderança da classificação geral do Troféu X2O, em que tem 3.33 minutos de vantagem sobre… Van der Poel, segundo da tabela mesmo falhando as duas primeiras rondas, em novembro. Dado o seu domínio e a faltarem três etapas por disputar na competição, o pentacampeão mundial seria o principal favorito ao título, mas MVDP só fará mais uma prova do X2O, em Hamme, no dia 27 de janeiro, o que lhe custará uma penalidade de 10 minutos. O primeiro rival ‘real’ de Van der Haar à vitória final é o… terceiro posicionado, o britânico Cameron Mason (Cyclocross Reds), mas já a 4.24m do líder. Ausente nas duas últimas rondas, Eli Iserbyt (Pauwels Sauzen-Bingoal) é o quarto com 4.45m.
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«Ainda posso melhorar até ao Campeonato Mundial [4 de fevereiro, em Tabor, Rep. Checa]. Treinei muito bem para esta temporada de ciclocrosse, mas desde Herentals tenho treinado pouco. Depois de Zonhoven [no próximo domingo, para a Taça do Mundo], voltarei a Espanha para finalizar a preparação», declarou Van der Poel.
Por sua vez, Wout van Aert já se conformou. «Não tentei seguir Van der Poel. Excedi-me após a partida, talvez tenha feito demasiado esforço na primeira passagem pela areia, levei a frequência cardíaca muito acima. Até agora não treinei com intensidade suficiente para corridas como estas», justifica-se o belga, que em breve partirá para estágio de estrada em Espanha com a Visma, antes de terminar a temporada de ciclocrosse no dia 21 de janeiro em Benidorm.
Incapaz de lutar com Van der Poel neste inverno, o tricampeão mundial prefere destacar que se divertiu. «Já tive pernas muito melhores no ciclocrosse, tive de me adaptar a esta realidade. Ainda gostaria de voltar um dia a ganhar em Heusden-Zolder. Para já, foi bom rever os meus fãs», conclui Wout van Aert.