Duelo Pogacar-Vingegaard deverá reeditar-se no Tour 2025

Tour 2025: Será Pogacar, depois Vingegaard e ao longe os outros?

Esloveno é o principal favorito à vitória, que seria a quarta, e o dinamarquês o único que poderá impedi-lo (a sua segunda). Não se vislumbra quem se intrometa...

Tadej Pogacar é o candidato mais forte a vencer a Volta a França. O esloveno, campeão mundial de fundo, e considerado por muitos o melhor corredor do mundo, chega com os índices de favoritismo nos píncaros na sequência de uma temporada e meia (a anterior e a que já foi cumprida desta) de hegemonia, em que ganhou a esmagadora maioria das corridas. Vencedor por larga vantagem em 2024 - 6.14 minutos sobre o segundo classificado e maior rival nas últimas três edições, e que nesta se repete, Jonas Vingegaard -, o líder da UAE Emirates parte com ascendente inequívoco sobre o dinamarquês.

Desde logo, a superioridade no mais recente duelo e o único entre ambos, no Critério do Dauphiné (em meados de junho), ainda que relativizado por constituir, tão-só, um ensaio geral para o Tour. Pogacar bateu claramente Vingegaard na montanha, apenas perdendo no contrarrelógio, a única e estranha debilidade revelada pelo esloveno, porque incomum. No resto, uma época de 2025 quase perfeita, a que faltou as ambicionadas vitórias na Milão-Sanremo (que persegue ainda sem êxito) e na Paris-Roubaix, em que se estreou, ambas batido por Mathieu van der Poel.

Pogacar faz-se acompanhar de uma equipa de luxo, da sua confiança e reunida em torno do líder com propósito único assumido de o levar ao tetra. João Almeida e Adam Yates, como escudeiros na alta montanha, Pavel Sivakov, Marc Soler, Jhonatan Narvaez para o trabalho intermédio, e ainda Tim Wellens e Nils Pollit, duas versáteis locomotivas.

Tadej Pogacar durante a apresentação das equipa do Tour 2025 em Lille

Com maior ou menor dificuldade, a revalidação do título no Tour por Pogacar, igualando os quatro triunfos do britânico Chris Froome e a apenas um dos recordistas Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Bernard Hinault e Miguel Indurain, parece ser o desfecho mais previsível da grande Volta francesa, o que, tão ou mais provável, também só Jonas Vingegaard poderá impedir.

O líder da não menos poderosa (do que a UAE Emirates) Visma-Lease a Bike, pelo historial mais recente do Tour, é a principal ameaça a Pogacar, que já derrotou em 2022 e 2023, este último ano, quando o esloveno se apresentou curto de forma devido a longa ausência por lesão. Ainda em piores condições esteve Vingegaard na edição de 2024, na sequência da grave queda sofrida na Volta ao País Basco, pelo que é plausível considerar-se que as desigualdades registadas entre os arquirrivais nos dois Tour mais recentes não refletiam efetiva relação de forças.

Será que Jonas Vingegaard poderá voltar a bater o arquirrival Tadej Pogacar?

No entanto, também esta temporada não foi normal para Vingegaard, que foi forçado a parar de competir durante mais de três meses, desde a concussão sofrida numa queda na Paris-Nice (13 de fevereiro) até ao Dauphiné (8 de junho), depois de ter iniciado a época com uma vitória difícil na Volta ao Algarve, batendo João Almeida no contrarrelógio final no Malhão.

Vingegaard não facilita e arregimentou os melhores da sua equipa para o auxiliar na complicada missão de bater Pogacar. Não faltam no octeto da Visma, os norte-amricanos Matteo Jorgenson, estrela em ascensão, e Sepp Kuss, considerado por muitos o melhor gregário de montanha (estando em forma...) e o belga Wout van Aert, um todo-o-terreno que é mais-valia inquantificável, como se viu ainda no recente Giro, na etapa em que possibilitou ao seu companheiro de equipa Simon Yates conquistar a camisola rosa definitiva. Este britânico, certamente motivado pelo emocionante triunfo na grande Volta italiana, também não falta à chamada, em que todos são poucos para derrotar Tadej Pogacar.

Os 'outsiders'

Além de Tadej Pogacar e de Jonas Vingegaard, quais são os demais pretendentes à camisola amarela em Paris. Excluindo-se João Almeida, porque tem as ambições secundarizadas pelo serviço ao líder esloveno, só a este devendo sobressair numa situação imprevista (por exemplo, acidente), Remco Evenepoel e Primoz Roglic tentarão ser sombra do previsto duo inalcançável Pogi-Vinge.

Primoz Roglic ainda sonha com a vitória no Tour

O esloveno da Red Bull-Bora-hansgrohe fez um promissor início de temporada, conquistando com brilhantismo a Volta à Catalunha sobre o espanhol Juan Ayuso (UAE Emirates), mas abandonou o Giro, devido a enésima queda nos anos mais recentes, incluindo no Tour, cujas três edições últimas em que participou não terminou devido a acidente (desde 2020, ano da sua melhor classificação, segundo, e a que esteve mais perto, superado por então  jovem Pocagar na penúltima etapa, e com exceção de 2023 em que não participou).

Remco Evenepoel manifestou-se contido nas ambições, restringindo-as ao pódio e a vitória num contrarrelógio - «igualando, pelo menos, o resultado de 2024» -, porque reconhece incapacidade, persistente, de estar o mesmo nível de Pogacar e Vingegaard na alta montanha, onde não tem sequer uma equipa à altura, devido à ausência do lesionado Mikel Landa (5.º classificado em 2024).

Remco Evenepoel foi terceiro no Tour 2024: será que poderá melhorar este ano?

Numa edição com várias baixas importantes, como as de Richard Carapaz (EF Education-EasyPost), Tao Geoghegan Hart (Lidl-Trek) ou David Gaudu (Groupama-FDJ), Ben O’Connor (Jayco AlUla), Enric Mas (Movistar), Felix Gall (Decathlon AG2R La Mondiale) ou o promissor Lenny Martinez (Bahrain Victorious) são os mais bem cotados à partida para a batalha pelos restantes lugares disponíveis do top-10.

Antes de ser conhecido o sucessor de Pogacar no palmarés dos vencedores e de uma última semana decisiva nos Alpes, os homens mais rápidos terão a sua oportunidade, com ansiado duelo entre Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck), Jonathan Milan (Lidl-Trek) e Tim Merlier (Soudal Quick-Step) em estreia na Grande Boucle pelo título de melhor sprinter do mundo.