«Quero o ouro em Baku, ando com o ego um bocado ferido»
Depois da prata no Grand Prix de Zagreb que quebrou 14 meses de jejum de pódios, Jorge Fonseca ganhou confiança, quer mais e pretende apurar-se para os Jogos de Paris como cabeça de série
«Estive a treinar muito para ver se consigo chegar a Baku e ganhar a medalha de ouro. Esse é o objetivo. Até para levantar o ego, ando com ele um bocado ferido», afirmou Jorge Fonseca (-100 kg) a A BOLA sobre a participação no Grand Slam de Baku.
Prova que, entre sexta-feira e domingo, conta com a presença de sete judocas da Seleção – João Fernando (-81 kg), Maria Siderot, Joana Diogo (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), Bárbara Timo (-63 kg) e Rochele Nunes (+78 kg) -, todos da equipa que procura o apuramento para os Jogos de Paris-2024.
14.ª etapa das 17 que constituem o Circuito Mundial em 2023, Baku sucede ao Grand Prix de Zagreb, onde, em agosto, o olímpico do Sporting, atual 14.º do ranking mundial e 13.º da qualificação olímpica, regressou aos pódios após longos 14 meses de jejum. Cedendo apenas, na final, frente ao sérvio Aleksandar Kukolj (15.º), que marcou wazari a 36s do fim.
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«Quero ver se volto a conseguir fazer a diferença e manter-me neste registo a que cheguei para dar o melhor no Azerbaijão», salientou Fonseca, de 30 anos, que em Zagreb, e insatisfeito por não ter ganho a competição, revelou que aquela era «uma medalha de sofrimento e trabalho».
«Esta medalha significa muito! Trabalhei bastante para ela. Lesionei-me, estive oito meses parado. Depois voltei, mas as coisas não estavam a correr muito bem. Tentava regressar ao que era antes, mas nada acontecia como queria. É uma medalha de sofrimento e trabalho», disse então. Para trás ficavam duas complicadas lesões, a primeira ainda antes do final da temporada de 2022 que o impediu de atuar no Masters de Jerusalém.
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Além da subida ao pódio, em Zagreb o antigo bicampeão concretizou outro objetivo: somar pontos para a qualificação dos Jogos Paris-2024. Até porque, entretanto, havia caído para lugares que não lhe garantem o apuramento olímpico direto. Algo de que, entretanto, já conseguiu fugir. Só que ser 14.ª do ranking mundial não basta para quem já ocupou a primeira posição.
«Um dos outros objetivos que tenho é ser cabeça de série nos jogos olímpicos, como aconteceu em Tóquio, e voltar a ter o lugar que tive no ranking: ser o n.º 1. Quando fui a Zagreb já era o 21.º da lista e essa foi outas das frustrações por que passei».
«Quero voltar ao top, mas para isso é preciso muito trabalho. Também sei o quanto importante será competir em Paris como cabeça de série. Não tem nada a ver…», garante Fonseca tendo em conta que as estatísticas mostram que os judocas que possuem essa vantagem nos Jogos têm maior probabilidade de atingir os quartos de final, onde, em caso de ser derrotado já terá direito à repescagem para a medalha de bronze.
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«Há pessoas que não percebem a importância de se ser cabeça de série mas a partir de agora e sentindo-me cada vez mais em forma técnica e psicologicamente, pretendo fazer muitas provas para adquirir ainda mais ritmo competitivo e pontuar o máximo possível para que tudo isto seja possível», concluiu, Jorge que até ao final da temporada já só terá o Grand Slam de Abu Dhabi (24-26 outubro), Open da Oceânia em Perth (10-11 novembro) e o Grand Slam do Japão (data a definir).
Dos sete judoca que vão a Baku, apenas Joana Diogo (-52 kg) e João Fernando (-81 kg) estão, neste momento, fora do apuramento para os Jogos de Paris-2024. Maria Siderot (-52 kg) seria apurada pela quota continental e todos os restantes entrariam na qualificação directa, aos quais ainda se juntariam Rodrigo Lopes (-60 kg), Cataria Costa (-48 kg) e Patrícia Sampaio (-78 kg).